"A Fenprof considera que, enquanto durar um confinamento que se pretende geral, as escolas não podem continuar a ser exceção e também deverão encerrar, contribuindo, dessa forma, para travar e inverter o rumo da pandemia", disse o secretário-geral da federação sindical, Mário Nogueira.
Na sua opinião, “os números da pandemia em Portugal, tanto de infeções, como de óbitos, assim o justificam”.
Numa declaração aos jornalistas, em Coimbra, Mário Nogueira disse que esta posição da direção nacional da Fenprof, ouvidos os sindicatos federados, tem em conta a "gravíssima situação epidemiológica que se está a viver" em Portugal, bem como a "opinião consensual dos especialistas".
O dirigente sindical lamentou também a "inépcia do Governo para criar as condições indispensáveis ao ensino presencial em segurança".
“Não tendo o Governo dado resposta às exigências sanitárias que se impunham – e que a Fenprof propôs –, as escolas deverão acompanhar o confinamento geral que se impõe ao país, conforme defendem os especialistas”, sublinha a organização, num documento que sintetiza a posição assumida por Mário Nogueira.
Na segunda-feira, recordou, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou “medidas acrescidas de combate à pandemia que, no nosso país, parece descontrolada, com a resposta de saúde a atingir os limites da capacidade, conforme também reconhece a ministra da tutela”.
“Como a Fenprof tem afirmado, nada substitui o ensino presencial, contudo, repete-se, na atual situação epidemiológica, impunham-se condições que o Governo não garantiu”, segundo o líder sindical, dando o exemplo da “confirmação da realização periódica de testes às comunidades escolares” e o “anúncio da integração dos professores nos grupos prioritários para vacinação, mas não houve qualquer referência”, entre outras medidas defendidas pela federação.
A Fenprof lembra que “os governantes continuam a afirmar que a abertura das escolas não constitui problema para a saúde pública”, mas que essa posição “é contrariada pela generalidade da comunidade científica, apenas se dividindo entre a necessidade de encerrar todas as escolas ou apenas o terceiro Ciclo e o Ensino Secundário”.
“É estranho que (…) tenham tanta certeza no que afirmam, mas rejeitem disponibilizar toda a informação de que dispõem sobre o impacto da covid-19 nas escolas, apesar da sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa que os obriga a tal”, salienta.
Mário Nogueira disse ainda que, “apesar das promessas, o Governo pouco fez para superar as dificuldades identificadas durante o período em que as escolas encerraram e o ensino se desenvolveu a distância”, durante a primeira vaga da pandemia, em 2020.
“Conscientes dos défices que se agravarão com o recurso ao ensino remoto, mesmo que seja uma situação excecional e temporária, os professores estão disponíveis para procurar atenuar esses prejuízos, haja vontade política do Governo para melhorar as condições e reforçar os recursos das escolas”, acrescentou.
Neste momento, no dia em que Portugal registou um máximo diário de 208 óbitos pelo novo coronavírus, “o país está à beira de uma enorme tragédia”, enfatizou o sindicalista.
(Notícia atualizada às 17h14)
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