“Só conseguiremos pôr termo a uma tragédia que já foi repetida demasiadas vezes se conseguirmos materializar de uma vez por todas a solução dos dois Estados, vivendo um ao lado do outro em paz e segurança. Isto passa por um acordo definitivo”, disse hoje o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Albares, intervindo na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em nome da presidência espanhola do Conselho da UE.

Para o governante espanhol, uma vez “superada esta crise”, esta agenda deve ser abordada de “uma forma muito urgente”.

Travar “a tragédia” naquela região “só será possível se pudermos oferecer ao povo palestiniano e a Israel uma perspetiva de paz credível e definitiva, o que passa inevitavelmente pela solução dos dois Estados”.

A UE, sustentou Albares, deve agir com “clareza e firmeza”, mostrando “um compromisso firme contra o terrorismo e violência, com a paz, a justiça e a humanidade”.

Este é um momento de “muitas emoções, às vezes contraditórias”, avisou, acrescentando: “Devemos por isso ser especialmente responsáveis e cuidadosos com o que dizemos, como o dizemos e quando o dizemos”.

A UE deve demonstrar “solidariedade para com as vítimas, sem distinção de religião ou nacionalidade” e agir “de forma unida para impedir que esta tragédia se repita”.

“Devemos unir a nossa capacidade de ação e interlocução com todas as partes e com os nossos parceiros árabes e internacionais para fazer com que esta seja a última guerra”, declarou.

A Europa, sustentou, “tem de ser fiel aos seus princípios, apoiar a luta contra o terrorismo, agindo para apoiar a população civil, e mantendo bem alta a bandeira do direito internacional humanitário e sobretudo a bandeira da paz”.

“Condenamos sem paliativos, sem mas, estes atos de terrorismo e violência [pelo Hamas]”, disse, antes de alertar que os civis “não podem ser vítimas” e que é preciso garantir o abastecimento de água, eletricidade e medicamentos a Gaza.

“Não podemos admitir o deslocamento forçado de centenas de milhares de pessoas” em Gaza, sublinhou.

Albares fez uma demarcação entre o grupo islamita Hamas e a Autoridade Nacional Palestiniana, “a legítima liderança do povo palestiniano e parceira da UE”, e que deve continuar a receber cooperação europeia.

“O Hamas não representa o povo palestiniano”, sublinhou.

A presidência espanhola deplorou ainda o “atroz ataque” a um hospital em Gaza na noite passada, que fez cerca de 500 mortos, sublinhando que “os hospitais e os civis não podem ser um alvo”.

Antes do início do debate, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também lamentou a “devastação horrível”, afirmando esperar que os contornos do bombardeamento sejam esclarecidos.

“Proteger as vidas civis deve continuar a ser uma prioridade”, destacou.