Ao longo da semana da Jornada Mundual da Juventude, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima fez-se presente no encontro de jovens de todo o mundo com o Papa de diversas formas, tanto presencialmente como através do telefone.

Num relatório divulgado esta segunda-feira, a APAV faz o balanço do número de atendimentos:

  • "Durante o horário de extensão da Linha de Apoio à Vítima, foram registados 45 atendimentos, sendo que 6 destes diziam respeito a situações em contexto da JMJ e as restantes 39 eram relativas a outras situações";
  • "Foram ainda recebidos mais 31 pedidos de ajuda pela equipa APAV na JMJ, dos quais 24 diziam respeito a situações ocorridas em contexto da JMJ".

No total, feitas as contas, "a APAV apoiou 30 situações em que os pedidos de ajuda estavam relacionados com a Jornada Mundial da Juventude" — e em várias temáticas:

  • "Em 12 dessas situações (40%) inexistiam situações de crime; os pedidos eram relacionados com outras matérias (exemplo: apoio com voos)";
  • "Foram registadas cinco situações de burla (16,7%), quatro situações de furto (13,3%), três situações de importunação sexual (10%) e duas situações de coação/assédio (6,7%)";
  • "Foram ainda registadas quatro situações de suspeita de tráfico de pessoas (13,3%) alegadamente praticado por empresas subconcessionadas de outras que foram contratadas para operar na JMJ. Essa situação, recebida já após o fim da JMJ, foi imediatamente comunicada à Polícia Judiciária para investigação". O SAPO24 contactou a APAV para obter mais esclarecimentos sobre estes quatro casos, mas não é possível divulgar qualquer pormenor devido ao "princípio de confidencialidade e investigação em curso".

Quem pediu ajuda e como foram ajudados?

De acordo com a APAV, entre os 30 pedidos de ajuda, cinco diziam respeito a cidadãos portugueses, enquanto 11 eram de cidadãos oriundos de outros países europeus, dois de países africanos, seis da América do Sul, três da Ásia, havendo ainda três casos em que não foi possível apurar a nacionalidade da pessoa.

A associação acrescenta que, para responder aos 30 pedidos de ajuda, foram feitos mais de 50 atendimentos presenciais, telefónicos ou por escrito com as pessoas apoiadas ou com outras entidades de relevo.

Refere também que as Equipas Móveis de Apoio à Vítima de Santarém e de Setúbal não receberam nenhuma queixa.

"Em proporção aos números comunicados pela PSP (de 149 ocorrências), e sabendo que nem todas as situações apoiadas pela APAV foram denunciadas, procedeu-se ao apoio de cerca de 12% de todas as situações relatadas formalmente", é também explicado.

A APAV diz ainda que "é expectável que ainda possam surgir mais pedidos de apoio num futuro próximo, na medida em que nem sempre as vítimas se sentem confortáveis para pedir ajuda ou sequer tomar qualquer tipo de medida imediatamente após terem sofrido uma situação de crime ou de violência, pelas mais variadas razões (necessitam de tempo para interiorizar o sucedido, ou não se encontram em posição de tomar decisões, ou não se apercebem imediatamente que foram vítimas de crime,
entre outros)."

Por esse motivo, "os canais comunicacionais criados no âmbito deste protocolo mantêm-se abertos e disponíveis para receber mais pedidos de apoio" e "foram definidas duas pessoas de contacto para prosseguir com os processos de apoio no longo prazo, assim dando efetividade à lógica de continuidade dos serviços prestados".

Um apoio "pioneiro"

Nas conclusões do relatório, a APAV lembra que o protocolo celebrado com a Fundação JMJ "foi acima de tudo um passo inovador na história dos grandes eventos".

"Se é verdade que a definição de planos de segurança (designadamente por parte das forças policiais) é uma prática recorrente no planeamento de grandes eventos, facto é que a dimensão da vítima de crime não costuma ser considerada no delineamento da estratégia seguida", é explicado.

"Neste sentido, a APAV e a Fundação JMJ foram pioneiras, permitindo que o foco na vítima de crime fosse pela primeira vez considerado ao nível do planeamento, abrindo assim caminho a que esta dimensão se converta em parte integrante da estratégia de segurança de eventos futuros em Portugal e no Mundo".

Terminado o evento e "cumpridas todas as etapas do protocolo, o balanço desta intervenção é extremamente positivo, tornando visível um extenso trabalho de organização e coordenação".

A APAV recorda ainda que "a melhor resposta para uma situação é um excelente planeamento, atempado e contemplador de vários cenários".

(Notícia atualizada às 14h37 com resposta da APAV)