Marcelo Rebelo de Sousa falou destes dois conflitos numa intervenção em inglês, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, perante políticos luso-americanos eleitos para câmaras legislativas dos Estados Unidos da América.
O chefe de Estado considerou que se tem visto “a relação transatlântica a funcionar com coesão na Ucrânia, mas com dificuldades em Gaza” e “a Rússia e a China mais alinhadas do que nunca, embora de forma diferente, uma com posição mais forte do que a outra, o que não é necessariamente no interesse do Oeste”.
“Portanto, precisamos de olhar para estes conflitos de um modo mais integrado, evitando duplicidade de critérios quanto ao direito internacional, trazendo a China para ambas as soluções, mantendo a aliança transatlântica muito forte — muito, muito forte –, reduzindo o poder da Rússia na Ucrânia e no Médio Oriente”, defendeu.
Segundo o Presidente da República, “essas são as garantias para qualquer vantagem em futuras negociações que possam trazer paz e segurança para a Europa e para o Médio Oriente”.
A seguir, Marcelo Rebelo de Sousa comentou a eleição presidencial norte-americana de 05 de novembro deste ano: “Sentimos que estamos todos nós a viver a mesma campanha, por todo o mundo, uma campanha americana existencial”.
“Para a Europa é muito claro o que está em jogo: a continuação de uma relação transatlântica forte, baseada no diálogo, respeito mútuo e convergência estratégica — ou um mergulho profundo para um país hiperpolarizado, uma atitude transacional para com cada aliado ou competidor, com zero compromisso multilateral ou qualquer bom senso em relação a conflitos e disputas pelo mundo”, disse.
No seu entender, o resultado é imprevisível e “não é só a economia que explica ou irá explicar os resultados”, até porque “a economia está a ter um desempenho acima das previsões, o desemprego historicamente baixo, novos empregos estão historicamente altos, a inflação está sob controlo, assim como o preço da energia”.
Marcelo Rebelo de Sousa realçou “a atmosfera social, cultural e política, a criação de todo o tipo de teorias, o ódio e o medo como fontes para mobilizar as pessoas”, os média e as redes sociais, com o atual nível de desinformação, como fatores determinantes para o resultado dessa eleição.
Neste contexto, o Presidente da República atribuiu aos legisladores eleitos “uma responsabilidade especial de enfrentar estes riscos, de reduzir o âmbito da desinformação” e de “melhorar os termos e a qualidade do debate público”, para ”salvar as democracias daqueles que poderão querer transformá-las num regime híbrido autocrático”.
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