“As forças da 36.ª Divisão obtiveram o controlo operacional no bairro de Shejaiya [na cidade de Gaza]. As Forças de Defesa de Israel [IDF] vão prosseguir a ocupação da zona e promover operações específicas no bairro segundo as necessidades operativas”, prosseguiu o porta-voz militar.
“Durante os combates no bairro, as forças enfrentaram-se face a face com os terroristas que dispararam, atacaram e lançaram explosivos às forças da divisão a partir de edifícios num espaço urbanizado e denso, e eliminaram-nos em intensas batalhas”, informou o Exército, ao assegurar que as suas tropas atacaram centenas de objetivos, bloquearam dezenas de entradas de túneis localizados em casas, escolas e clínicas, e apreenderam numerosas armas ao Hamas.
A Brigada Golani, uma elite de infantaria, revistou as casas de dirigentes do movimento islamita palestiniano, confiscou material de informações, enquanto outras tropas ocuparam o quartel-general do batalhão Shejaiya “de onde partiram alguns dos terroristas que perpetraram o massacre de 7 de outubro” que desencadeou o atual confito, de acordo com a mesma fonte.
Segundo o Exército israelita, os paraquedistas também destruíram mais de 100 edifícios e dezenas de túneis, prenderam numerosos combatentes que se renderam, incluindo o comandante de uma companhia do Hamas.
Shejaiya foi o epicentro em 12 de dezembro de uma das mais mortíferas batalhas para as IDF, com a morte de nove militares numa emboscada.
Em 15 de dezembro, também em Shejaiya, três reféns israelitas que tinham conseguido escapar ao cativeiro do Hamas foram mortos por engano por tropas israelitas quando pediam para ser resgatados e exibiam uma bandeira branca, um incidente que intensificou os protestos dos familiares dos 129 reféns que ainda permanecem em Gaza e que exigem um cessar-fogo imediato.
O controlo de Shejaiya pelas tropas israelitas junta-se ao bairro de Rimal, também na cidade de Gaza, e a Jabalia, nos arredores, confirmando a presença de Israel no norte do enclave palestiniano, numa altura que Telavive tenta aplicar a mesma estratégia a sul, em particular na cidade de Kan Younis, bastião dos líderes do Hamas.
Em resposta, o ramo militar do Hamas afirmou hoje que o objetivo fixado por Israel de eliminar o grupo islamita palestiniano, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, está “condenado ao fracasso”.
Num registo áudio, Abu Obaida, o porta-voz das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, também condicionou a libertação dos reféns israelitas detidos em Gaza ao “fim da agressão”, referindo-se à guerra desencadeada contra o Hamas.
“O objetivo fixado pelo inimigo de eliminar a resistência está condenado ao fracasso. É uma realidade que se torna incontestável”, declarou o porta-voz.
Momentos depois da divulgação da gravação do porta-voz, o braço armado do Hamas divulgou um vídeo que mostrava três reféns israelitas com vida que, segundo a milícia, foram posteriormente mortos em ataques israelitas.
A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada após um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 7 de outubro.
No total, 1.140 pessoas, na maioria civis, foram mortas nesse dia, segundo uma contagem da agência noticiosa AFP a partir dos últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem em Gaza. No total, 469 soldados israelitas já foram mortos nesta guerra, dos quais 137 durante a incursão terrestre.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 7 de outubro a Faixa de Gaza, onde segundo o governo local liderado pelo Hamas já foram mortas cerca de 20 mil pessoas e feridas mais de 52 mil, na maioria civis, destruídas a maioria das infraestruturas e perto de 1,9 milhões forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade da população do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 7 de outubro, mais de 280 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, ocupados pelo Estado judaico.
As autoridades israelitas indicaram entretanto que o seu Exército perdeu 134 homens desde o início da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, em 27 de outubro.
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