A - Alphonso Davies
A história do jovem canadiano é um horizonte de esperança. Nascido no campo de refugiados de Buduburam, no Gana, em novembro de 2000, filho de liberianos fugidos da guerra civil naquele país africano, mudou-se com os pais, apenas com cinco anos de idade, para o Canadá, através de um programa de realojamento de refugiados.
Viveu primeiro em Ontário e depois em Edmonton. Foi nesta segunda cidade que começou a mostrar um talento acima da média para o futebol. Em julho de 2016, com 15 anos, tornou-se o primeiro jogador nascido nos anos 2000 a estrear-se na MLS.
Um ano depois, conseguiu naturalizar-se como cidadão canadiano e com apenas 16 anos estreou-se pela seleção nacional. Em 2018 mudar-se-ia para a Europa, para vestir as cores do Bayern Munich, clube que ainda hoje representa e pelo qual o defesa esquerdo já venceu uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia, um Mundial de Clubes, quatro Bundesliga, duas DFB Pokal e três supertaças da Alemanha.
Para além de ser um dos jovens mais talentosos do futebol mundial, foi peça-chave do regresso do Canadá a uma fase final de um Campeonato do Mundo pela segunda vez na história da seleção, depois da participação no Mundial de 1986, no México.
B - Brasil
Cinco vezes campeã do mundo (1958, 1962, 1970, 1994, 2002), a seleção brasileira deixa de configurar no lote de favoritos por estatuto para passar a integrar esse mesmo lote com argumentos sérios.
Número 1 do ranking FIFA, a Canarinha tem um leque de opções ofensivas sem igual entre as convocatórias das seleções para o Qatar, contando com nomes como Neymar Jr. (Paris Saint-Germain), Raphinha (FC Barcelona), Antony (Manchester United), Gabriel Jesus (Arsenal) ou Vinícius Junior (Real Madrid).
A restante equipa não fica atrás, só na baliza há dois guarda-redes de nível mundial, Alisson (Liverpool) e Ederson (Manchester City), a defesa conta com jogadores dos tubarões europeus, Thiago Silva (Chelsea), Marquinhos (Paris Saint-Germain) ou Éder Militão (Real Madrid), assim como o meio-campo, que consiste em jogadores como Casemiro (Manchester United), Bruno Guimarães (Newcastle) ou Fabinho (Liverpool).
C - Cristiano Ronaldo
Aos 37 anos, tudo indica que este Mundial será o último de Cristiano Ronaldo. Depois de ter conquistado com a seleção portuguesa o Campeonato da Europa em 2016 e a Liga das Nações em 2019, o capitão de Portugal tem aqui uma oportunidade de ouro de fechar o ciclo com aquele que é o troféu mais desejado, e provavelmente mais difícil, do desporto-rei. No Qatar, CR7 pode tornar-se também no primeiro jogador da história a marcar em cinco edições diferentes do Campeonato do Mundo.
Os holofotes vão estar em cima do português que tem feito uma época fraca a nível pessoal, com poucos minutos (1050), golos (3) e assistências (2), sobretudo depois da polémica entrevista que deu a Piers Morgan e que deve significar o fim da sua ligação ao Manchester United. Este Mundial será assim determinante para contar a história dos últimos anos de carreira de Cristiano Ronaldo.
D - Doha
Doha (em árabe: الدوحة) é a capital e a cidade mais populosa do Emirado do Qatar. Tem uma população de 956 457 habitantes, um número que sobe para 2,3 milhões quando temos em conta a área metropolitana. Ou seja, aqui vive grande parte da população de um país com menos de três milhões de habitantes. A cidade está localizada na costa do Golfo Pérsico, no leste do país, e alberga a grande maioria dos jogos deste Mundial.
E - Estádio 974
Localizado em Doha, constituído por contentores, o Estádio 974 é o primeiro estádio padrão FIFA completamente desmontável e reutilizável depois do fim do torneio. Ou seja, é possível reconstruir este mesmo estádio, com a mesma capacidade, noutro local ou vários estádios com menor capacidade, recorrendo aos mesmos materiais.
F - Fernando Santos
Depois de ter guiado a seleção principal portuguesa aos dois únicos títulos da sua história, Fernando Santos tem enfrentado duras críticas por parte dos adeptos devido à postura defensiva com que a equipa se apresenta em campo, com resultados menos conseguidos nos últimos anos.
Portugal caiu do Euro 2020 nos quartos-de-final e falhou a final four, em casa, depois de uma derrota com Espanha, num encontro em que bastava garantir o empate. A isto soma-se a incapacidade de garantir a qualificação direta para o Mundial.
Em cima de resultados menos conseguidos, Fernando Santos esteve na mira da justiça por um esquema de fuga a impostos. Por tudo isto, esta é uma competição em que o selecionador vai querer provar o seu valor.
G - Gales
64 anos depois da presença num Campeonato do Mundo, o País de Gales vai voltar a disputar um Mundial. À boleia da sua geração de ouro, liderada por Gareth Bale, a seleção galesa conseguiu, nos play offs, afastar a Áustria e a Ucrânia, e garantir a presença no Qatar, o segundo Mundial da história da equipa que esteve apenas presente na Suécia em 1958, torneio em que ultrapassou a fase de grupos, mas onde acabou por ser eliminada pelo Brasil, nos quartos-de-final — Brasil esse que se viria a sagrar campeão do mundo.
H - Haram
Haram significa, em português, proibido. A palavra foi utilizada recentemente por um embaixador do Mundial de futebol Qatar2022, que classificou a homossexualidade como um “distúrbio mental”.
“Muitas coisas vão acontecer aqui no país durante o Mundial. Vamos falar sobre gays. O mais importante é aceitar que todos venham, mas terão de aceitar as nossas regras”, disse Khalid Salman, numa entrevista.
Num trecho da entrevista, Salman, antigo futebolista, afirmou que “homossexualidade é ‘haram’ [proibido]”, e, antes de ser interrompido por um assessor, acrescentou: “’É ‘haram’ porque é um distúrbio mental”.
O embaixador referiu que todos os que se deslocaram para assistir ao vivo à competição “têm de aceitar as regras” do país e é aí que a palavra haram se torna mais abrangente. Qualquer intimidade entre pessoas em público pode ser considerada ofensiva, independentemente do sexo, orientação sexual ou intenção. O consumo de álcool é igualmente proibido neste país, a não ser em locais certificados a propósito do evento, assim como estar embriagado na via pública.
I - Irão
A seleção do Irão chega a este Campeonato do Mundo com o país no centro de várias polémicas. A nível externo, são acusados de fornecer drones à Rússia que foram utilizados em ataques em território ucraniano. Além disso, o país continua sem chegar a um consenso com Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, indiretamente, com os Estados Unidos, para um reforma do tratado nuclear.
No entanto, o que está a abalar o Irão tem lugar dentro das suas próprias fronteiras, com um movimento de protesto de massas que se estendeu a todo o país desde a morte, há dois meses, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos presa por violar o rígido código de vestimenta do país.
O futebol tem sido veículo de protesto também, com vários jogadores a utilizar a visibilidade que têm para defender os direitos das mulheres, usando, por exemplo, pulseiras pretas durante as partidas ou recusando-se a cantar o hino nacional.
A estrela da equipa, Sardar Azmoun, jogador do Bayer Leverkusen, manifestou o seu apoio de forma mais contundente, denunciando a repressão das autoridades iranianas, tal como outros companheiros de equipa, incluindo o avançado do FC Porto, Mehdi Taremi.
Assim, os olhos vão estar postos numa equipa que irá defrontar na fase de grupos a Inglaterra e os EUA, e que é treinada pelo português Carlos Queiroz.
J - Joseph Blatter
Líder da FIFA de 1998 até 2019, é impossível dissociar o nome de Blatter da escolha do Qatar, sobretudo quando por estes dias foi divulgado na Netflix o documentário sobre os escândalos de corrupção no organismo que tutela o futebol a nível mundial: FIFA Uncovered.
Apesar de defender que a escolha do país do Médio Oriente teve como base a mudança de intenção de Michel Platini, à data presidente da UEFA, esta decisão de levar o Mundial ao Qatar está dentro do esquema de influência e deslocação de votos que marcou as últimas décadas de existência da FIFA. Aliás, a meros 10 dias do início da competição, o próprio Blatter reconheceu que a atribuição da competição ao Qatar foi um “erro".
“É um país pequeno demais [o menor em tamanho desde a Suíça em 1954]”, disse Joseph Blatter sobre o Qatar, numa entrevista ao grupo de comunicação suíço Tamedia (TX Group), acrescentando que “o futebol e o campeonato do Mundo são grandes demais para isso”.
“Foi uma má escolha. E eu era responsável por isso como presidente na época”, disse Blatter, que diz que votou nos Estados Unidos, uma candidatura, entre cinco, que foi derrotada na ronda final de votações pelo Qatar. No entanto, o ex-líder da FIFA nunca referiu especificamente às questões laborais e de direitos humanos no emirado, levantadas desde 2010 por diferentes organizações.
L - Lionel Messi
Tal como Cristiano Ronaldo, este deverá ser o último Mundial de Lionel Messi. O argentino vencedor de sete Bolas de Ouro tinha o palmarés da seleção como calcanhar de aquiles da carreira, mas em dois anos conseguiu conquistar uma Copa América e uma Finalíssima. Com uma equipa de qualidade, em que se encontram várias gerações, Messi vai querer vingar a final perdida de 2014 diante da Alemanha e vencer o maior título de todos.
M - Mascote
A mascote do torneio chama-se La'eeb, uma palavra árabe que significa "jogador super habilidoso", incorpora as cores da bandeira do Qatar e elementos da cultura do país.
N - N’Golo Kanté
O nome é o do francês N’Golo Kanté, campeão do mundo em título, mas podia ser qualquer outro. Diogo Jota (Portugal), Pedro Neto (Portugal), Pogba (França), Chistopher Nkunku (França), N’Golo Kanté (França), Kimpembe (França), Boubacar Kamara (França), Marco Reus (Alemanha), Timo Werner (Alemanha), Chilwell (Inglaterra), Reece James (Inglaterra), Mikel Oyarzabal (Espanha), Wijnaldum (Países Baixos) ou Lo Celso (Argentina) são alguns dos nomes que vão falhar o torneio por lesão. E a dor de falhar o torneio é grande, como testemunharam vários jogadores.
O - Oriente
O Mundial no Qatar é o primeiro a ser realizado no Médio Oriente. É também, por larga margem, o mais caro de sempre. No total, a construção de estádios e infraestruturas está avaliada em cerca de 214 mil milhões de euros, suplantando o investimento russo em 2018, o mais caro de sempre até então, na ordem dos 14 mil milhões.
P - Portugal
Fora do lote dos favoritos, Portugal é umas seleções com mais argumentos para surpreender. Com jogadores de gabarito internacional em todas as posições, a seleção das Quinas tem aqui uma oportunidade para fazer valer a sua melhor geração de sempre e esquecer as últimas participações em Mundiais - oitavos de final na Rússia, em 2018, e fase de grupos no Brasil, em 2014.
O melhor que a equipa portuguesa já conseguiu num Campeonato do Mundo foi um terceiro lugar, em 1966, com Eusébio como figura maior. Já no século XXI, com Luiz Filipe Scolari ao leme da seleção, Portugal conseguiu um quarto lugar no Mundial de 2006, disputado na Alemanha.
A estreia de Portugal no grupo H está marcada para 24 de novembro, diante do Gana, antes de defrontar o Uruguai, em 28 novembro, e a Coreia do Sul, de Paulo Bento, em 2 de dezembro.
Q - Qatar
Um pequeno país com menos de três milhões de habitantes é, por estes dias, o epicentro do mundo. O Qatar é um país árabe, conhecido oficialmente como um emirado do Médio Oriente. Ocupa a pequena Península do Qatar, na costa nordeste da Península Arábica, faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul, estando o restante território envolvido pelo Golfo Pérsico.
O Qatar esteve sob a alçada britânica até conquistar a independência em 1971. Desde então, tornou-se num dos estados mais ricos da região, devido às receitas oriundas do petróleo e do gás natural - têm a terceira maior reserva natural do mundo. Antes da descoberta do petróleo, a economia era baseada na extração de pérolas e no comércio marítimo. Atualmente, lidera a lista dos países mais ricos do mundo pela revista Forbes e está classificado em 41.º lugar (logo após Portugal) na lista das Nações Unidas de países com maior desenvolvimento humano.
O país vive num regime absolutista e hereditário comandado pela Casa de Thani desde meados do século XIX. Os cargos mais importantes no país são ocupados por membros ou grupos próximos da família al-Thani. Em 1995, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani tornou-se emir, depois de depor o pai, Khalifa bin Hamad al Thani, num golpe de Estado.
R - Roteiro televisivo dos jogos
A Sport TV transmite as 64 partidas do Mundial Qatar 2022. 36 delas são partilhadas em sinal aberto com RTP (22), SIC e TVI, sete cada. Portugal passa em todas as estações. A SIC chegará aos quartos-de-final, TVI, às meias e a RTP dá o pontapé de saída e desliga o sinal na final. O comando é seu, sintonize as seleções da sua preferência e mergulhe em 28 dias de competição, 5760 minutos de futebol, sem contar com paragens e prolongamentos.
Confira aqui todos os horários e transmissões.
S - Senegal
Vencedor da última edição da CAN, o Senegal vai estar no centro das atenções durante o torneio. Se em 2018 foram notícia pela festa dos adeptos, com danças e músicas típicas, este ano os resultados desportivos podem superar as celebrações.
Com uma seleção de grandes talentos, como Édouard Mendy (Chelsea), Kalidou Koulibaly (Chelsea) ou Nampalys Mendy (Leicester), a equipa irá tentar provar a sua força para além da estrela da companhia, Sadio Mané, de fora por lesão.
Estão no grupo A com Qatar, Equador e Países Baixos.
T - Trabalhadores
Um dos pontos mais trágicos da concretização do Mundial no Qatar foi a construção dos estádios, que envolveram mão-de-obra estrangeira, à qual não foram garantidas condições adequadas de trabalho.
Várias organizações mundiais estimam que, pelo menos, 6.500 pessoas tenham morrido nas obras realizadas no emirado para acolher o torneio. Este é um dos principais motivos pelos quais se levantam vozes a exigir um boicote à competição.
U - Ups?
Um Mundial polémico, com declarações polémicas de sobra. A última foi Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse o Presidente, após o jogo Portugal Vs. Senegal no estádio de Alvalade de preparação para o Campeonato do Mundo.
V - Veteranos
O recorde do guarda-redes egípcio Essam El Hadary, mais velho de sempre a estar num Mundial, com 45 anos e 161 dias de idade, vai manter-se intacto por, pelo menos, mais quatro anos. O jogador mais velho neste Campeonato do Mundo será Alfredo Talavera, guarda-redes mexicano de 40 anos, segue-se o canadiano Atiba Hutchinson, com 39 anos, e o português Pepe, também com 39 anos, mas 24 dias mais novo que Hutchinson.
X - Xadrez
Há um xadrez que vive no imaginário de muitos adeptos de futebol. Acontece que o organograma do torneio ditou que se Portugal e Argentina vencerem os seus grupos e as eliminatórias que se seguem, podem encontrar-se na final. Muitos vêm esta hipotética final como um último capítulo perfeito para encerrar a era dominada pelos dois jogadores que, juntos, somam 12 Bolas de Ouro.
Z - Geração Z
Apesar da ‘última dança’ de Messi e Ronaldo estar entre os principais motivos de interesse deste Mundial, estes já não são os jogadores que açambarcam todos os olhares, com uma nova geração a brilhar e assumir a batuta.
À frente destes jovens está, inevitavelmente, Kylian Mbappé, jogador que se sagrou campeão mundial por França em 2018, com apenas 19 anos. Mas há mais nomes de interesse. Viniciius Junior, vencedor com o Real Madrid da última edição da Liga dos Campeões, é uma das novas estrelas da Canarinha, assim como o jovem Musiala o é na Alemanha. Em Portugal, Rafael Leão, Nuno Mendes e João Félix lideram esta nova onda.
Especial será de certeza o 18.º aniversário de Youssoufa Moukoko, avançado da Alemanha, que será celebrado precisamente no dia em que o Mundial2022 arranca no Qatar, em 20 de novembro, o que faz do jogador do Borussia Dortmund o mais novo a marcar presença nesta edição do campeonato do Mundo, 'ganhando' por pouco mais de dois meses a Garang Kuol, avançado da Austrália, que em janeiro será contratação do Newcastle, de Inglaterra.
O espanhol Gavi fecha o 'top 3' dos mais novos no Qatar, seguido de Bilal El Khannous, de Marrocos, quarto, e do ganês Fatawu, jogador do Sporting CP, quinto.
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