Acaba o Estado de Emergência, mas aguarda-se pelo Estado da Confiança
Fim à vista ao Estado de Emergência. Quem o anunciou foi Marcelo Rebelo de Sousa, hoje, depois de mais uma reunião entre os técnicos do Infarmed, governantes e representantes políticos para fazer o ponto de situação da pandemia e avaliar as condições de uma reabertura gradual da economia e da sociedade. Mas o fim do Estado de Emergência não significa o fim da contenção — da mesma forma que este não será o regresso à normalidade como a conhecíamos
Os "pequenos passos" com que se retoma a vida de todos os dias têm por objetivo garantir que não somos obrigados a voltar atrás, mas tal não está fora de questão: "Espera-se não ser necessário no futuro recorrer novamente ao estado de emergência. Se for necessário, isso será ponderado", disse Marcelo.
Segundo o boletim epidemiológico hoje publicado, Portugal registou hoje 948 mortos associados à covid-19, mais 20 do que na segunda-feira, e 24.322 infetados (mais 295). O número de recuperações subiu de 1357 para 1389.
Mas aos poucos vamos percebendo que quando o tema é retoma, a palavra de ordem é confiança. O facto de as pessoas poderem sair de casa (e até quererem sair de casa depois deste grande confinamento) não significa que se sintam seguras para o fazer. A tónica tem sido portanto em garantir que tudo está preparado para minimizar a propagação do vírus.
Assim, e com o regresso às aulas presenciais para o 11.º e 12.º anos o governo anunciou que a desinfeção dos estabelecimentos de ensino arranca na próxima quarta-feira.
Paralelamente, entre as várias medidas propostas pelo setor da restauração ao governo para a rebertura, está um "selo" distintivo atribuído aos estabelecimentos que respeitem as boas práticas.
Também no turismo — uma das áreas mais afetadas, sem voos, com fronteiras fechadas e face ao medo do contágio num local estranho ou de se ser apanhado numa eventual segunda onda do surto — se procura agora garantir outro tipo de conforto.
“A confiança há de ser estabelecida através da adoção de um conjunto alargado de procedimentos em toda a linha, desde os transportes aéreos até ao alojamento turístico, passando igualmente por outras componentes do setor como a infraestrutura aeroportuária e a animação turística”, sinalizou o secretário regional do Turismo da Madeira, região que regista perdas nesta área que se estimam ser de 112 milhões de euros por mês. Noutra ponta do país, no Algarve, onde o setor é particularmente importante para a economia, as expectativas são de que o regresso à normalidade só venha a acontecer na Páscoa de 2021.
Todavia, há que não perder o otimismo: o presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, António Ceia da Silva, destaca as características únicas do Alentejo neste contexto excecional: "tem horizonte, espaço, tranquilidade, não tem grande aglomerado de pessoas. Eu diria que um turista, hoje em dia, preferiria ir para uma unidade de turismo rural em Serpa”, no distrito de Beja, “ou em Alegrete”, no concelho e distrito de Portalegre, “do que ir para a Broadway, em Nova Iorque”, nos Estados Unidos da América. Todavia, reconhece, para captar turistas, “a segurança sanitária será decisiva”.
Ainda neste âmbito e em nota de curiosidade, uma das medidas que está a ser discutida na aviação para restaurar a confiança é não ocupar o lugar do meio. Isso mesmo. Uma pessoa senta-se à janela, outra na fila do corredor, procurando desta forma aumentar a distância entre os passageiros na aeronave (e, já agora, até é mais confortável). Mas a medida está longe de ser consensual face ao impacto que terá nas contas das empresas e no relançamento do setor que foi obrigado a ficar a terra durante a pandemia.
Ainda a marcar hoje a atualidade estiveram as reuniões entre responsáveis desportivos e promotores de festivais com o Governo, mas em ambas as matérias impera, para já, o silêncio. Será preciso esperar até ao final da semana para saber em que moldes poderemos voltar aos estádios e à música ao vivo.
Aliás, está tudo de olhos postos no dia 30 de abril, o dia R — isto é, o dia em que António Costa irá anunciar ao país o calendário da Retoma, sempre na expectativa de que esta não implique uma marcha atrás lá à frente. Nós estaremos por aqui, no SAPO24, para lhe dar conta de todas as novidades.
O meu nome é Inês F. Alves e hoje o dia foi assim.
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