Os sinais da retoma

Inês F. Alves
Inês F. Alves

4 de maio, 18 de maio, 1 de junho. O dia amanheceu com estas quatro datas a marcar a atualidade, que serão as que o Governo tem em mente para reabrir o pequeno comércio, retomar as aulas presenciais para o 11.º e 12.º anos e reabrir as creches, respetivamente.

No entanto, decisões só mesmo no próximo dia 30 de abril, depois de ser ouvido o parecer técnico dos especialistas da Direção-Geral da Saúde, amanhã, na reunião no INFARMED. E Costa já avisou: "Se as coisas começarem a correr mal, nós temos que dar um passo atrás". E daremos tantos passos atrás quantos os que forem necessários para manter as pessoas seguras, acrescentou.

Assim, a estratégia passa por ir "desconfinando" o país a 15 dias de cada vez: "Para não corrermos riscos é que nós iremos adotar medidas de desconfinamento de 15 em 15 dias, para tomar uma medida, medir o seu impacto, fazer a avaliação e ver se estamos em condições de dar o passo seguinte", explicou o primeiro-ministro.

Alinhado com este discurso de contenção na reabertura está o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, que voltou a lembrar que, apesar da evolução positiva que se tem conseguido, "não podemos descurar uma potencial segunda onda" da pandemia em Portugal.

E o que nos dizem os números de hoje? Segundo o boletim epidemiológico publicado esta segunda-feira, Portugal regista um total de 928 mortos associados à covid-19, mais 25 do que no domingo, e 24.027 infetados (mais 163). O número de recuperados também aumentou, de 1329 para 1357, mais 28. Há registo de 995 casos de pessoas internadas — menos 10 do que no domingo e abaixo dos mil pela primeira vez desde o dia 1 de abril —, 176 das quais nos cuidados intensivos, menos seis face ao dia anterior.

Portugal já dá sinais de saturação, ainda que impere o sentido de missão coletiva sobre a necessidade de ficar em casa e manter o isolamento. Seis em cada 10 pessoas que coabitam com outras têm passado “por algumas situações de fricção” no lar, sobretudo devido à partilha de tarefas domésticas ou por estarem confinados no mesmo espaço o dia inteiro. Provavelmente não precisaríamos de um estudo para nos dizer isto, mas ele aqui está. Noutra frente, as empresas começam a chegar ao limite das suas capacidades e a maioria diz-se favorável a uma retoma gradual da atividade produtiva.

A reabertura do país terá, todavia, de ocorrer sem precipitações e com regras mais exigentes — distanciamento social, mais equipamentos de proteção individual e um cuidado muito grande na forma como se circula nos locais de trabalho —, avisou o ministro da Economia, mas os primeiros sinais neste sentido começam a ser dados.

E de onde vêm esses sinais? Nas pequenas obrigações — os passes dos transportes públicos terão de ser validados em maio quer em Lisboa, quer no Porto — e nos grandes temas — os diretores das escolas pedem diretrizes claras para a forma como devem gerir a reabertura dos estabelecimentos de ensino e a Fenprof reforça que tal só deve ocorrer mediante o parecer favorável das autoridades de saúde.

Entretanto, no parlamento já se agendou a discussão sobre o relançamento da economia; o Instituto de Emprego e Formação Profissional já anunciou que está a reforçar ferramentas de atendimento não presencial; os trabalhadores da Autoeuropa já regressaram ao trabalho e o Hospital da Prelada já anunciou que vai retomar as cirurgias de baixo risco a 4 de maio.

E enquanto o país vai ensaiando que regresso à normalidade será este, o combate ao vírus segue, porque tratamento ou vacina serão as únicas respostas efetivas à crise sanitária que deixou doente a economia.

Na Universidade do Porto, investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) vão, com base em amostras de doentes infetados da região Norte, estudar a evolução do novo coronavírus, nomeadamente as cadeias de transmissão e as mutações.

Fora dos laboratórios também se procuram novas soluções para lidar com o coronavírus: O projeto Covidografia, que nasceu no âmbito do movimento Tech4Covid19, é uma plataforma onde cada um pode registar o seu estado de saúde, ajudando a construir um retrato da pandemia da Covid-19 em cada área de residência.

Lá fora há também sinais de luz ao fundo do túnel: Wuhan, o epicentro do surto, já não tem pacientes hospitalizados; a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse hoje que o país venceu a batalha contra a covid-19, uma vez que se tem registado poucos casos de infeções locais; no Reino Unido as restrições são para manter, mas desta vez o recado veio pela voz de Boris Johnson, que depois de um susto — o primeiro-ministro britânico ficou infetado pelo covid-19, o que obrigou mesmo ao seu internamento — está de regresso ao trabalho.

Entretanto, também aqui, pelo SAPO24, se vai refletindo sobre o Regresso a um Mundo Novo. Em parceria com a plataforma 100 Oportunidades, vários jovens ajudam-nos a pensar o mundo pós-pandemia. Hoje foi a vez de ler Catarina Maia.

O meu nome é Inês F. Alves e Hoje o Dia foi Assim

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