Será que o pico já passou (outra vez)?

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

"Esta descida que está a acontecer ainda é só efeito do 'pré-confinamento light’. Ainda não passou tempo suficiente desde o encerramento das escolas para se perceber qual o efeito".

As palavras são de Milton Severo, investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e espelham as dúvidas e inquietações de todo um país. Esta semana os números parecem começar a decrescer. Mas será de facto assim?

Para o investigador, este decréscimo é reflexo do período de confinamento anterior ao encerramento das escolas. Até porque "ainda é cedo" para afirmar que este "já está a ter efeito na desaceleração" da pandemia.

Por outro lado, de acordo com as projeções — que têm por base dados da última semana —, Milton Severo afirmou que o pico de óbitos deverá ocorrer esta semana. "À partida, já estaremos no pico de óbitos", afirmou, acrescentando que o país andará, "em média", em torno dos 257 óbitos "durante algum tempo".

Por sua vez, o epidemiologista Manuel do Carmo Gomes refere que Portugal ultrapassou o pico de contágios por covid-19 na última semana de janeiro, estando o número de novos casos diários a descer "a um ritmo bastante bom”.

Feitas as contas, as taxas de variação diária de novos casos de infeção tornaram-se negativas, o que significa que começou a descer o número de contágios.

Assim, olhando para o que já aconteceu no país, esta descida "está a ocorrer com uma taxa que é comparável àquela que tivemos em março quando confinámos nos primeiros dias".

Mas fica um aviso: as medidas de confinamento não devem ser aliviadas sem que Portugal consiga atingir um nível de incidência diária relativamente baixo, não ultrapassando os 3.500 a 4.000 novos casos por dia.

Hoje, o boletim epidemiológico que chegou regista mais 225 óbitos e 7.914 novos casos nas últimas 24 horas — e, pelo quarto dia consecutivo, o número de recuperados superou o de novas infeções. As vacinas continuam a ser administradas e, segundo António Costa, "se tudo decorrer com normalidade, atingiremos os 70% de imunização no final do verão".

Resta então cumprir as regras e aguardar por dias sem tantas restrições.

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