Mais uma vez, os rumores da 'morte' de Cristiano Ronaldo foram exagerados

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Não é a primeira vez que uma onda de críticos se levanta contra Cristiano Ronaldo e, provavelmente, não será a última. Desde terça-feira, dia em que a Juventus foi eliminada da Liga dos Campeões pelo segundo ano consecutivo nos oitavos de final, desta vez pelo FC Porto, há um ano pelo OL Lyon, que a imprensa italiana tem sido dura na análise do papel do número 7 da Vecchia Signora, sobretudo, nos resultados além-fronteiras, onde o clube continuou afastado do objetivo de conquistar um título europeu, algo que não consegue desde 1996, ano em que venceu a última ‘orelhuda’, na altura também com um português no plantel, o agora treinador Paulo Sousa.

Ora, viver sobre críticas é habitual para Cristiano. Em 2014, foi apontado como o responsável pela fraca prestação de Portugal no Campeonato do Mundo do Brasil, em Espanha era apelidado de Penaldo, acusado de marcar a maioria dos golos através da transformação de grandes penalidades, e, em 2018, aquando da mudança para Itália, de ter dado um passo em falso na carreira.

Nenhuma das críticas acima referidas se perpetuou por muito tempo. Afinal de contas, um ano após o final do Mundial, CR7 erguia aquela que seria a primeira de três conquistas consecutivas da Liga dos Campeões pelo Real Madrid, anos em que conquistou e cimentou a posição de melhor marcador de sempre da competição e o estatuto de lenda no clube madrileno e venceu mais duas Bolas de Ouro. Também é difícil dizer que a ida para a Juve tenha sido um passo atrás na carreira de Ronaldo. Se é verdade que o português ainda não voltou a vencer a Liga dos Campeões (tem mais um ano de contrato), é verdade que após uma primeira época tímida, tão tímida quanto os números de Ronaldo permitem, 28 golos numa temporada, logo no segundo ano com a camisola da Vecchia Signora, Cristiano voltou aos números de antigamente e aos recordes de sempre.

Olhemos para o jogo de hoje frente ao Cagliari, a contar para a 27ª jornada da Serie A. Ronaldo vinha de uma soma de dias em que foi criticado pela eliminatória diante do FC Porto, não só pela pouca influência que teve nos dois encontros, mas também pela forma como, na barreira, virou as costas à bola no livre de Sérgio Oliveira, no segundo, e decisivo, tento dos ‘dragões’. A resposta? Três golos em 32 minutos. Um golo de cabeça, um golo de pé direito, através da transformação de uma grande penalidade, e um golo de pé esquerdo. Um hattrick perfeito. Tudo isto do minuto 10 ao minuto 32 do encontro.

A resposta às críticas em campo valeu a Ronaldo o segundo hattrick mais rápido da carreira, melhor só em setembro de 2015, quando jogava no Real Madrid, quando conseguiu fazer três golos em apenas 20 minutos, frente ao Espanyol, num jogo em que terminaria com cinco tentos na conta pessoal. Mais: Cristiano tornou-se hoje no único jogador da história da Juventus a marcar pelo menos 30 golos em duas épocas consecutivas, batendo o registo de Omar Sivori, histórico avançado argentino que tinha conseguido fazer mais de 30 golos em duas épocas com a camisola da Juve, mas não de forma consecutiva.

Com os três golos que assinou esta tarde, Cristiano isolou-se ainda mais na tabela de melhores marcadores da Serie A com um total de 23 golos, mais quatro do que Lukaku, o segundo jogador com mais tentos apontados no campeonato italiano por esta altura. O título de melhor marcador é um dos troféus individuais que ainda foge ao português em Itália.

O capitão da seleção portuguesa ultrapassou ainda, oficialmente, Pelé como melhor marcador da história do futebol mundial em jogos oficiais, ao marcar o 770.º golo da carreira, contra 767 da lenda brasileira.

Ah e é importante relembrar que Cristiano Ronaldo tem 36 anos. Somando a idade à capacidade de resposta, os números e recordes, parece-me justo dizer que CR7 ganhou a exclusividade de decretar o seu próprio fim. Ele, só ele e mais ninguém tem esse poder. Até lá, certamente que assistiremos a momentos bons e menos bons, mais uma vez, dentro daquilo que é o bom e menos bom no cosmos criado por Ronaldo-Messi, a mais críticas e mais respostas. Até lá, talvez daqui a mais anos do que poderíamos esperar de um avançado, continuará a celebração de uma das carreiras mais impressionantes do futebol mundial.

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