"Não são apenas números, são pessoas que fazem falta a alguém". As palavras são de António Lacerda Sales, secretário de estado da Saúde, ditas hoje durante a conferência de imprensa diária em que se faz o ponto de situação da pandemia de covid-19 em Portugal.
Dizem os números que registámos até ao momento 12.442 casos confirmados de infeção, 345 mortos e 184 recuperações. Mas e o que dizem as histórias? O que tem para contar quem passou pelos cuidados intensivos? Quem ficou de quarentena e longe da família dentro da própria casa? Quem está em isolamento sem tantas condições? Quem recuperou? O que tem para contar quem perdeu alguém?
Numa reportagem hoje publicada pela agência Lusa conta-se que a covid-19 “mudou quase por completo” os funerais por estes dias. "Hoje em dia já não vão os amigos, os vizinhos, os familiares que estão mais longe. Hoje em dia é complicado”.
Ontem uma outra reportagem dava conta de que no Bairro da Cruz Vermelha, uma zona de habitação municipal com carências prementes, que tem entre 10 mil e 12 mil habitantes, o confinamento em casa não significa necessariamente teletrabalho ou aulas à distância, já que muitas famílias não têm internet e computador em casa.
Mas nestas histórias há também que fazer registo daqueles que estão a trabalhar para "apanhar o vírus na curva". Hoje a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) lançou a “Doctorates4 covid-19”, um programa de doutoramentos em virologia focado no combate à covid-19 com uma verba global anual de 3,5 milhões de euros. Lá fora, investigadores norte-americanos desenvolveram uma vacina que foi eficaz em ratos de laboratório contra uma dose letal do MERS, um coronavírus parecido com o SARS-CoV2, que provoca a covid-19. E, num esforço internacional, várias empresas do setor farmacêutico e terapêutico juntaram-se para encontrar um tratamento para a covid-19 que passa por recolher plasma de pessoas que tenham contraído a doença e estejam totalmente recuperadas.
A marcar a atualidade informativa internacional sobre o covid-19 está ainda o internamento de Boris Johnson, cujo estado de saúde se deteriorou. O primeiro-ministro britânico foi transferido para os cuidados intensivos, recebeu oxigénio, mas não foi ligado a qualquer ventilador. Do outro lado do Atlântico, destaque para desentendimentos na Sala de Crise da Casa Branca, que envolveram gritos, uma disputa sobre o tamanho das pilhas de estudos e até um jornalista a confrontar um conselheiro de Trump numa interação ao estilo “Mas quem és tu para dizer isso?”. Um pouco mais abaixo no globo, o Ministério Público (MP) brasileiro entrou mesmo com uma ação na Justiça na qual pede que o Governo siga as regras estabelecidas no país contra o novo coronavírus e não emita "discursos e informações falsas que enfraqueçam o isolamento social". O alvo? Bolsonaro.
Notas finais para questões práticas do dia-a-dia:
1) Ao que tudo indica as escolas não vão reabrir em abril. Marcelo não quis dizer tudo, mas levantou o véu sobre aquela que poderá ser a decisão do Governo sobre esta matéria.
2) Ficou apeado com bilhetes para concertos, festivais e outros espetáculos cancelados por causa do covid-19? Aqui fica um guia sobre as regras que ditam eventuais reembolsos e, claro, uma lista dos festivais e concertos que já têm nova data.
3) Da lata também pode sair um pitéu. A Direção Geral de Saúde lançou um manual de receitas saudáveis com conservas. Para ver aqui.
4) O setor bancário tem sido mobilizado para, com moratórias nos créditos e linhas de financiamento a empresas, aos "retribuir aos portugueses". Mas afinal, o que está a banca a fazer? Aqui fica um guia das principais medidas.
5) Por fim, mas não menos importante, para ajudar na nova rotina de compras preparámos um roteiro de compras online.
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