Os EUA informaram hoje os parceiros internacionais que iriam retirar-se de um tratado que permite a mais de 30 países promover voos de observação desarmados sobre os respetivos territórios e que foi estabelecido há décadas para promover a confiança mútua, acusando Moscovo de não cumprir os termos do acordo.

O anúncio de retirada dos Estados Unidos prejudica as relações com a Rússia e deixou um rasto de desconforto em alguns aliados europeus, que beneficiam das imagens obtidas pelos voos do Céus Abertos.

Hoje, os embaixadores dos países membros junto da NATO foram convocados para uma reunião de emergência para analisar na sexta-feira a situação, depois de reações de preocupação por parte da Rússia e mesmo de uma admissão de possibilidade de recuo na intenção por parte do Presidente norte-americano, Donald Trump.

A diplomacia russa já tinha alertado, ao início da tarde, para os riscos da decisão dos Estados Unidos.

“A retirada dos Estados Unidos deste tratado significa não apenas um golpe para a fundação da segurança europeia, mas também para os mecanismos militares de segurança e para os interesses essenciais dos próprios aliados dos Estados Unidos”, reagiu, horas depois, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexandre Grouchko.

Após esta reação de Moscovo, o Presidente Donald Trump admitiu que os Estados Unidos pudessem reconsiderar a decisão de sair do tratado, desde que a Rússia cumpra o estabelecido.

“A Rússia não cumpriu o tratado. Por isso, até que eles o cumpram, nós manteremos a decisão de sair. Mas há boas hipóteses de podermos fazer um novo acordo ou fazer alguma coisa para o recuperar”, disse Trump aos jornalistas.

“O que eu acho que vai acontecer é que vamos sair e eles (os russos) vão querer voltar e fazer um acordo”, explicou o Presidente norte-americano.

O anúncio de retirada dos Estados Unidos prejudica as relações com a Rússia e deixou um rasto de desconforto em alguns membros do Congresso norte-americano e com alguns aliados europeus, que beneficiam das imagens obtidas pelos voos do Céus Abertos.

A administração norte-americana justificou a decisão de abandonar o Tratado de Céus Abertos (Treaty on Open Skies, em inglês) pelo facto de a Rússia estar a violar o tratado, para além de argumentar que imagens recolhidas durante os voos podem ser obtidas mais rapidamente e com menos custos através dos satélites comerciais norte-americanos.

No entanto, a retirada de Washington deste tratado destinado a promover a confiança mútua entre os países signatários e evitar conflitos, deverá agravar as relações com Moscovo e suscitar críticas dos aliados europeus e de alguns membros do Congresso.

Em 1955, o então Presidente dos EUA, Dwight Eisenhower, propôs que os EUA e a antiga União Soviética permitissem voos de reconhecimento aéreo mútuos nos respetivos territórios.

Moscovo rejeitou inicialmente a ideia, mas o ex-Presidente George H. W. Bush retomou a proposta em maio de 1989, e o tratado entrou em vigor em janeiro de 2002.

Atualmente, 34 países assinaram o tratado, enquanto o Cazaquistão também se comprometeu com projeto mas optou por não o ratificar até ao momento.

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