Um dia depois de se falar de Cultura em Portugal, centrada nas artes e no património, chega a vez de o país se centrar noutra vertente desta grande área: a literatura.
A 23 de abril celebra-se o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor — dia escolhido pela proximidade à data de morte de dois grandes nomes, Miguel de Cervantes e William Shakespeare — e seria impossível não olhar para o setor livreiro no país, que também se ressente com a pandemia.
Por isso, o presidente da República apelou hoje ao regresso "de forma entusiasta, mas segura, às livrarias e aos livros" e prometeu que neste segundo mandato se manterá próximo do setor — coisa que não espanta, já que desde que assumiu a chefia do Estado, a 9 de março de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa teve várias intervenções e iniciativas para incentivar a leitura e apoiar editores e livreiros.
Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida.
Não chegam, não duro nem para metade da livraria.
(Almada Negreiros)
Numa nota publicada no site da Presidência da República, o chefe de Estado afirmou que nos últimos meses tem acompanhado atentamente "as dificuldades do setor do livro em Portugal, da necessidade de assegurar o comércio livreiro às reorganizações associativas e à premência das medidas de apoio à retoma".
Por isso, Marcelo deixa uma promessa: "continuarei neste mandato a estar próximo de editores e livreiros, recebendo-os, ouvindo-os, visitando-os, procurando contribuir para a solução de problemas urgentes e antigos".
Nesta mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda "palavras de ânimo aos autores, que viram os seus rendimentos severamente afetados, e às organizações cooperativas, algumas das quais contribuíram, de forma notável, para minorar os efeitos sociais da pandemia".
Numa forma mais prática de assinalar o dia, de forma simbólica, o presidente da República decidiu enviar livros para as bibliotecas do Estabelecimento Prisional de Bragança e do Estabelecimento Prisional de Custóias.
O chefe de Estado quis assim "associar as pessoas detidas em estabelecimentos prisionais à celebração do Dia Mundial do Livro, enviando-lhes uma mensagem de solidariedade e reafirmando que ninguém está condenado para sempre".
"Todos podem e devem refazer as suas vidas num processo de ressocialização pessoal e social", referiu Marcelo, convocando"as mulheres e homens em situação de reclusão a descobrir o prazer de ler, a criar hábitos de leitura que ajudam a combater o isolamento, incentivam o conhecimento, o espírito e a criatividade".
Não conheço prazer como o dos livros, e pouco leio. Os livros são apresentações aos sonhos, e não precisa de apresentações quem, com a facilidade da vida, entra em conversa com eles.
(Bernardo Soares)
De olhos postos no futuro — e para incentivar a leitura em tempo de pandemia, começaram já a ser anunciados alguns eventos na área:
- O primeiro festival literário de Lisboa decorre entre 5 e 9 de maio em teatros, cinema, livrarias, ruas, largos e praças da cidade, reunindo mais de 70 autores de oito países;
- A 92.ª edição da Feira do Livro de Lisboa vai realizar-se entre 26 de agosto e 12 de setembro, no Parque Eduardo VII;
- A Feira do Livro do Porto está de regresso aos Jardins do Palácio de Cristal, de 27 de agosto a 12 de setembro;
- A Feira do Livro do Funchal vai decorrer entre 12 e 21 de novembro, dedicada ao Nobel português José Saramago.
Começar a ler foi para mim como entrar numa floresta pela primeira vez e encontrar de repente todas as árvores, todas as flores, todos os pássaros. Quando fazemos isso, o que nos deslumbra é o conjunto.
(José Saramago)
Até estas datas, que se possa olhar para os novos livros que chegam às prateleiras das livrarias, para a tecnologia que permite plataformas de streaming de eBooks e audiolivros e para o que temos em casa por ler. Depois, é só questionar: "É desta que leio isto"?
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