Não há razão para se começar a escrever — já — sobre um cenário pandémico. Pelo menos, assim informa a Organização Mundial da Saúde (OMS), que considerou que a epidemia do novo coronavírus que surgiu na China não é ainda uma pandemia. Paralelamente, ao final da tarde, a DGS adiantou que, em Portugal, ainda não é necessário uso de máscaras, mas confirmou dois novos casos suspeitos no país. Este vírus está há semanas em todos os ecrãs, da televisão ao computador, passando pelas notificações constantes no smartphone. Dos balanços atualizados a cada dia, às recomendações e avisos. Estamos todos em alerta, 24 sobre sete.
E entre os avisos e o medo, o imaginário. Há uns dias surgiram notícias de que o filme Contágio (2011) de Steven Soderbergh voltou ao TOP 10 do iTunes no Reino Unido e ao TOP 15 do mercado norte-americano. Seja por receio ou curiosidade, a verdade é que já há quem pergunte nas redes sociais se o filme fez um exercício de futurologia. (Ou se a culpa de o vírus se ter espalhado é da Gwyneth Paltrow, uma das protagonistas do enredo.)
Contágio — não confundir com Efeitos Secundários (2013), que partilha o mesmo realizador e argumentista — tem quase dez anos, mas isso não o impede de estar a disputar quer os TOPs, quer a atenção do público, por mexer com um tópico bem presente. Escrito por Scott Z. Burns (responsável pelo recente The Report, protagonizado pela nova paixão Hollywoodesca, Adam Driver), o filme foi beber bastante ao surto de síndrome respiratória aguda grave (SARS) que matou 349 pessoas na China continental entre 2002 e 2003. Há luta pela sobrevivência, cobertura mediática dos jornais e os passos efetuados pela comunidade médica. Faz lembrar alguma coisa? Como diria Lauro Dérmio, let's look like at trailer.
Por cá, mais do mesmo no que toca aos transportes públicos. Queixas e mais queixas. E nenhuma é inédita: "há atrasos diários, falta de higiene, desconforto". Neste caso, os protestos são dos utentes da Linha de Sintra, que esta manhã se reuniram para contestar os atrasos e supressões de comboios constantes. Vasco Ramos, da Comissão de Utentes, explicou que nos últimos anos o serviço ferroviário se degradou "de forma significativa". Quem anda de transportes dos subúrbios para a capital pode atestar esta realidade. Na Linha da Azambuja — que me assiste diariamente — não é diferente da parte da manhã. Noutros transportes calculo que também.
Sem sair de matéria noticiosa com selo nacional, hoje ficou a saber-se que o Banco de Portugal notificou Tomás Correia, ex-presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, de várias infrações. Como? Através de um... anúncio no Público. Porquê? Por não ter conseguido notificar o jurista por outros meios.
Noutro contexto completamente diferente, mas ainda por cá, Joacine afastou-se de vez do Livre. A deputada já tinha perdido a confiança política e agora quebrou definitivamente qualquer ligação com o partido, apresentando a carta de desvinculação.
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, as coisas também não arrancaram da melhor forma para os democratas nas primárias do Iowa. Aliás, Francisco Sena Santos, cronista do SAPO24, fala mesmo em "fiasco". E explica-o: "quando uma aplicação informática faz encravar, na madrugada gelada do Iowa, a contagem dos votos da eleição que a oposição democrata a Trump aspirava que fosse o arranque de uma campanha robusta para em novembro conquistar a Casa Branca e o governo dos Estados Unidos, esse incidente aparece como metáfora da atrapalhação em que está o aparelho do Partido Democrata". Pode ler o resto do artigo de opinião aqui. O tópico — a política norte-americana — também foi abordado por Manuel Cardoso, na sua crónica de hoje. É uma visão mais humorística destes trâmites, mas que não deixa de assinalar de que, na sua opinião, "optar por Biden é como contratar o adjunto do Paulo Bento". Por isso, Bernie é fixe. Aqui.
Noutro contexto, mas ainda sobre opiniões. Porque já se sabe que nesta Era moderna está tudo munido de uma e há sempre qualquer coisa a acrescentar — ou assim parece. Umas são boas, outras nem tanto. Ainda assim, nas redes sociais, a coisa tende a descambar um pouco e nem sempre é fácil encontrar um consenso — independentemente do que seja. Foi o aconteceu neste fim de semana. Enquanto uns celebravam o golo 50 de Cristiano com a camisola da Velha Senhora, outros torciam o nariz aos números enquanto exclamavam aos sete ventos pelo "Penaldo". Isto é, criticavam a percentagem de golos marcados por grande penalidade. Mas será que é mesmo assim? Fomos tentar descobrir. Promete-se estatística, uma brevíssima história da arte de bater dos 9 metros e um bocadinho de psicologia — porque isto de bater penáltis não é uma lotaria.
Continuando na senda futebolística, aproveita-se estas linhas para falar sobre a Taça dos Libertadores. Ou, melhor, da fase a eliminar da competição. Ou, melhor ainda, sobre a Pré-Libertadores, como ficou conhecida no Brasil. É que desde 2004 que a Libertadores passou a contar com uma fase de qualificação, antes dos grupos. O que não é de estranhar, já que foi a maneira que a CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol) encontrou para arranjar lugares extra para os seus países-membros em prol da boa relação política.
Ao nível de atividades culturais e sugestões, ei-lo, o cartaz do NOS Primavera Sound. A ter lugar uma vez mais no Parque da Cidade, no Porto (11, 12 e 13 de junho). Lana del Rey, Beck, Bad Bunny e Tyler The Creator prometem animar as hostes. Para amanhã, sugere-se uma ida ao Teatro Trindade, em Lisboa, para dar um salto até aos Loucos Anos 20, com o regresso do musical Chicago. A encenação está novamente a cargo de Diogo Infante. Já agora, como já se caminha a passos largos dos Óscares, recomenda-se também a animação francesa J'ai perdu mon corps (I Lost My Body) — "o filme da mão" — disponível da Netflix.
PS: No Dia Mundial de Luta Contra o Cancro — responsável por mais de um quarto das mortes na União Europeia — o SAPO e a Fundação Altice juntaram-se numa ação de solidariedade para apoiar o IPO de Lisboa. Para ajudar, basta um clique naquele quadradinho roxo no SAPO.PT Estará a contribuir para a aquisição de equipamento para melhorar as condições de conforto nas salas de espera e no lar de doentes do Instituto.
Sem mais, o meu nome é Abílio dos Reis e hoje o dia foi mais ou menos assim.
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