Num mundo doente, que nos salvem os pandas

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Num país em que a máscara já era um acessório obrigatório, nas cidades onde a poluição cobre o céu e esconde o sol, um vírus cobre o país, eleva os níveis de alerta e esconde as pessoas. A China está doente. A ‘democracia’ está doente, o ambiente está doente, a sobrepopulação adoece o sistema e agora o coronavírus adoece a base de tudo isto, as pessoas que daqui, a milhares de quilómetros de distância, são quase invisíveis, indistinguíveis na imensa multidão e com a cara coberta.

A China está doente e parte das fragilidades do país foram expostas num cartoon assinado por Niels Bo Bojesen no jornal dinamarquês "Jyllands Posten", em que o autor troca as estrelas da bandeira chinesa por desenhos do vírus que já matou mais de uma centena de pessoas lá e que deixa o restante mundo em alerta.

O cartoon ofendeu Pequim que diz existir "limite ético da liberdade de expressão". Há? A pergunta será ótima para ser colocada amanhã a António, o galardoado cartonista, com vários trabalhos publicados no The New York Times e que amanhã vai estar em Lisboa para o debate "Cartoon e Liberdade de Imprensa: conversa com António" no Museu Bordalo Pinheiro.

António saberá o que dizer, ele que em 2019 foi o protagonista ocasional de uma reação brutal a um dos seus cartoons publicados no jornal norte-americano. Na sequência da polémica gerada pelo cartoon, que representava Donald Trump e Benjamin Netanyahu, aquele jornal americano decidiu inclusive terminar com a prática de publicação de cartoons na sua edição internacional. Está tudo montado para uma conversa.

Mas se a doença na China se promete arrastar, com os primeiros testes de uma vacina a serem projetados para acontecer daqui a 40 dias, amanhã o Reino Unido receberá alta do estado em que ficou depois do referendo de 2016 que ditou o Brexit, com a votação do acordo para a saída da União Europeia a ser o primeiro ponto da ordem de trabalhos do Parlamento Europeu. Na realidade, na quarta-feira será uma espécie de alta antecipada pelos mais de três anos que todo o processo levou. Oficialmente, o Reino Unido só no dia 31 verá o passaporte carimbado com o bilhete de regresso e sem data de retorno.

Perante altas e baixas e ainda distantes de conhecer o rasto de destruição deixado pela China e pelo Reino Unido, resta-nos encontrar a felicidade e conforto amanhã de manhã, pelas 8h30, hora em que o Zoo de Berlim vai mostrar ao público os bebés pandas que nasceram no jardim zoológico alemão. E se há uma coisa que torna tudo melhor são pandas, não é?

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