Futebol para totós (versão pandemia)

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Já ninguém pensa noutra coisa. A quatro dias do início do campeonato a bola tomou conta do espaço público: foi o jogo entre o Desportivo de Chaves e Feirense que foi adiado devido ao número de infetados de uma das equipas; é o número de infetados entre os plantéis de Gil Vicente e Sporting que colocam em risco o jogo entre as duas formações e é António Costa, primeiro-ministro cujo nome consta na lista da comissão de honra de Luís Filipe Vieira, recandidato à presidência do SL Benfica.

Em tempos de pandemia, sem pessoas nas bancadas e sem os programas de debate desportivo que se diziam poluir o ambiente que envolve o desporto rei, o futebol mostra que as polémicas daquele que é o escape semanal de tantos portugueses, como o é em tantos países do mundo, sobrevivem em que meio for, florescem sem comentadores irados, sem adeptos desolados e na política encontra terreno fértil para que se discuta ética.

Estas são algumas perguntas que ajudam a percorrer os últimos dias:

Tenho ouvido uns zum zuns, infetados aqui, infetados ali. A liga vai começar na data prevista?

Sim, o campeonato nacional vai arrancar como previsto esta sexta-feira com um Famalicão - SL Benfica (19h00). Ao que tudo indica o encontro vai-se realizar, sendo que entre as duas formações há apenas um caso de um jogador que testou positivo à Covid-19. Trata-se de Svilar, guarda-redes belga dos encarnados.

Portanto, vai tudo começar dentro do planeado?

Ninguém faz bem ideia e é complicado avançar com certezas. O presidente da Liga afirmou esta segunda-feira que o campeonato iria começar na sexta-feira e que até outubro não iria haver adeptos nas bancadas. Fora disto tudo são só previsões mais ou menos corretas.

Então, o jogo do Sporting, por exemplo, vai acontecer?

Sim. Ou talvez não. A situação é a seguinte: neste momento o Gil Vicente tem 15 jogadores infetados e o Sporting sete, mais um membro do staff, de acordo com o que foi noticiado hoje pela imprensa desportiva. O plano para a retoma do futebol publicado este verão pela Liga é claro: “Em caso de jogadores com Covid-19 serão sempre aplicadas as leis de jogo, nomeadamente, a Lei 3 das Leis de jogo (n.º mínimo de 7 jogadores, 1 guarda redes e 1 capitão);”. Portanto, como pode perceber, o prognóstico é complicado.

Por falar em plantéis com jogadores infetados e jogos adiados e tal, afinal o que é que aconteceu no Chaves - Feirense?

É um caso curioso porque, aparentemente, todas as condições estavam reunidas. Os casos positivos, quatro, identificados no conjunto flaviense não estavam em campo e o Desportivo de Chaves apresentou-se com o número de jogadores necessários à realização da partida.

No entanto, já com as duas equipas no relvado, foi recebida uma comunicação do médico Rui Capucho, da ACES do Alto Tâmega e Barroso dando indicação que as Autoridades de Saúde Regional e a Autoridade de Saúde Nacional consideravam não estar reunidas as condições para a realização do jogo. Mais do que isto, está a ser investigado pela Liga.

E para lá da Covid-19, não há uma história qualquer que envolve o primeiro-ministro e o presidente do SL Benfica?

Esse é a polémica do fim de semana que não se findou em dois dias e que transitou para a nova semana. Portanto, o nome do primeiro-ministro surgiu numa lista de “mais de 500” nomes que integram a comissão de honra de Luís Filipe Vieira às eleições de outubro no SL Benfica e onde também constam os nomes do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, o líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, ou o deputado do PSD Duarte Pacheco.

O problema é que António Costa está a ser acusado, primeiro, de procurar tirar proveito político da popularidade do clube da Luz e do seu presidente; depois de apoiar a reeleição de alguém que tem estado a contas com a justiça em vários casos recentes com o clube que dirige há 17 anos. Por último, numa leitura mais analítica, o apoio ao candidato é visto como um golpe frio em Ana Gomes, socialista candidata à Presidência da República (e sobre a qual o PS ainda não se pronunciou) e que nos últimos tempos teve várias posições de confrontação com dirigentes encarnados por via do caso Football Leaks.

Também vi assim umas coisas sobre Marcelo também ter estado ou recusado estar numa comissão de honra…

Pois é. O Observador noticiou esta segunda-feira que Marcelo Rebelo de Sousa recusou integrar a comissão de honra de António Salvador às eleições do Sporting de Braga em 2017, quando já exercia funções em Belém, tendo-o já feito no passado, em 2013, quando era comentador político. O caso, em paralelo com o de Costa promete não abonar a favor do primeiro-ministro e gera expectativa para a reunião semanal entre os dois que ocorrerá esta quinta-feira.

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