2021, um ano que começa em luto pelo "mais jovem de todos os fadistas"

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

Neste que é o primeiro dia do ano, seria de esperar que os temas a dominar o dia fossem do mais lúdico e trivial — como o facto de Duarte, natural de Rans, ter sido o primeiro a nascer ainda estavam as passas a ser mastigadas, ou os tradicionais banhos de ano novo — ao mais sério, mas esperado — como a derradeira saída do Reino Unido da União Europeia ou o início da presidência portuguesa da mesma.

O mundo, porém, como se sabe, não se rege inteiramente consoante as nossas escolhas e desejos. Dia 1 de janeiro de 2021 ficou marcado pela perda de um ícone português, Carlos do Carmo, que morreu hoje depois de, a 31 de dezembro, ter dado entrada no hospital de Santa Maria, em Lisboa, com um aneurisma.

Inicialmente avançada pelo semanário Expresso, a triste notícia foi mais tarde confirmada ao SAPO24 pela família do fadista. O maldito ano de 2020 — que, na verdade, teria ficado na memória como o do centenário do nascimento de Amália Rodrigues não fosse a pandemia — deixou-nos como presente envenenado a perda de uma das mais acarinhadas e aclamadas vozes do fado. 

Nascido no seio do fado, este até esteve para não ser o seu destino, já que os seus pais tinham outros planos para si. Carlos do Carmo, contudo, não contrariou a sua vocação e tornou-se não só num vulto da cultura nacional ,mas também numa das figuras responsáveis pela evolução deste género musical. 

Mais do que um inovador do fado, porém, Carlos do Carmo acaba por ficar na memória não só como um embaixador musical de Portugal no mundo, mas também como “uma voz de estimação” para os portugueses, em especial para a editora e poetisa Maria do Rosário Pedreira, que partilhou connosco como foi escrever o que o fadista cantou um pouco por toda a parte.

Sendo um dos gigantes de cujos ombros se apoia a nova geração de fadistas, foram vários a deixar o seu apreço ao longo do dia, desde Camané, que caracterizou como um “homem com um "H" muito grande, muito grande", a Carminho, que lembrou que este é “um primeiro dia que vai deixar muita saudade".

Além destes "discípulos" e das obrigatórias homenagens feitas pelas nossas figuras políticas, de destacar também o carinho que lhe deixam os seus pares e aqueles que o acompanharam, como Simone de Oliveira, Rui Vieira Nery e Fernando Tordo, que falou no desaparecimento do “mais jovem de todos os fadistas".

Tamanha é a perda que segunda-feira o sol raiará num Portugal em luto nacional, por perder uma voz que apenas se deixou de ouvir no ano passado, quando Carlos do Carmo abandonou os palcos, mas que será para sempre eterna enquanto houver quem cante o fado. 

No mesmo dia, dar-se-ão as suas cerimónias fúnebres, na Basílica da Estrela, localizada, claro está, na “Lisboa Menina e Moça” que cantou.

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