Enquanto a ONU reconhece o seu falhanço, as explosões regressam a Kiev

Pedro Soares Botelho
Pedro Soares Botelho

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reconheceu hoje, perante o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenksy, que o Conselho de Segurança "falhou em fazer tudo o que estava ao seu alcance para prevenir e acabar com esta guerra".

"Deixe-me ser bem claro: o Conselho de Segurança falhou em fazer tudo o que estava ao seu alcance para prevenir e acabar com esta guerra. Esta é uma fonte de grande deceção, frustração e raiva", disse Guterres a Zelenksy, em Kiev, capital ucraniana.

"Mas os homens e mulheres das Nações Unidas estão a trabalhar todos os dias para o povo da Ucrânia, lado a lado com tantas corajosas organizações ucranianas", acrescentou o antigo primeiro-ministro português.

Praticamente em simultâneo, a capital da Ucrânia, Kiev, era alvo de pelo menos dois bombardeamentos por parte das forças russas, segundo autoridades locais e jornalistas da agência France-Presse (AFP).

Os correspondentes da AFP viram no local um edifício em chamas, janelas partidas, uma forte presença policial e socorristas. O presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, confirmou no Telegram "dois ataques" a um dos distritos da capital.

"O que está fundamentalmente errado é a guerra", disse, mais tarde, António Guterres à RTP, que o entrevistou em Kiev. Na conversa, o líder da ONU reforçou a complexidade da operação de retirada de civis do complexo Azovstal.

Agora, temem que o presidente russo queira reclamar uma relevante vitória no leste a tempo do Dia da Vitória, um feriado russo celebrado a 9 de maio.

Na arruinada cidade portuária de Mariupol, os combatentes ucranianos, escondidos na fábrica siderúrgica que representa a última bolsa de resistência, disseram que os bombardeamentos concentrados durante a noite mataram e feriram diversas pessoas.

As autoridades avisaram que a falta de água potável dentro da cidade pode levar a surtos de doenças mortais.

Os novos ataques ocorreram enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, examinava a destruição em pequenas cidades nos arredores de Kiev, onde presenciou alguns dos piores horrores do primeiro ataque violento da guerra.

Guterres condenou as atrocidades cometidas em cidades como Bucha, onde foram encontradas provas de assassínios em massa de civis, depois de a Rússia ter recuado perante uma resistência inesperadamente forte por parte dos ucranianos.

“Onde quer que haja uma guerra, o preço mais alto é pago pelos civis”, lamentou Guterres, enquanto visitava Irpin, nos arredores de Kiev, reiterando a importância de investigar alegados crimes de guerra.

Alguns analistas dizem que o atraso no lançamento de uma ofensiva completa pode refletir a decisão de Putin de esperar até que as forças russas estejam prontas para uma batalha decisiva – em vez de se apressar e arriscar outro fracasso, como a tentativa abortada de invadir Kiev.

Vários observadores antecipam que Putin tentará reivindicar uma grande vitória no leste no Dia da Vitória, que marca a derrota da Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

Putin, como muitos dos seus antecessores, costuma usar feriados e aniversários patrióticos russos para fazer anúncios relevantes: em março, por exemplo, o presidente serviu-se de um comício num estádio em Moscovo para comemorar o oitavo aniversário da anexação da península da Crimeia pela Rússia, e anunciou a intensificação do conflito na Ucrânia.

Entretanto, o líder da autoproclamada República Popular de Donetsk (DPR), Denis Pushilin, disse hoje que a entidade separatista reconhecida pela Rússia como um Estado independente planeia colocar em funcionamento o porto de Mariupol em maio próximo.

"Os nossos planos incluem que a primeira carga seja despachada do porto de Mariupol já em maio", disse Pushilin, em Mariupol, a um grupo de jornalistas, citado pela agência russa Interfax.

"Neste momento estamos na fase de inventário, limpeza do território, preparação de regulamentos para que o porto possa funcionar plenamente", explicou Pushilin, acrescentando que o seu Governo regional já começou a estabelecer relações comerciais com os territórios ucranianos vizinhos que já se encontram sob controlo das tropas russas.

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