"Estes atos que violam os direitos humanos ocorridos em território venezuelano causaram até ao momento 285 feridos - 255 venezuelanos e 30 colombianos - "por efeito de [bombas] de gás lacrimogêneo e uso de armas não convencionais".", afirmou o ministro.

"Esta ação pacífica e de caráter humanitário foi interrompida a partir da Venezuela sob o regime usurpador de Maduro com uma repressão violenta e desproporcional", acusou Holmes Trujillo.

Diante esta situação, o ministro disse que "dispôs-se o retorno dos camiões para proteger a ajuda com excepção dos camiões que tinham medicamentos que foram queimados em território venezuelano".

Anteriormente, as forças de segurança colombianas tinham indicado a existência de 43 feridos, todos eles venezuelanos, em confrontos na principal ponte que liga a Colômbia à Venezuela.

Os confrontos acontecem no dia da chegada de ajuda humanitária à Venezuela e juntam-se a outros atos violentos ocorridos junto à fronteira do país com a Colômbia e o Brasil.

Ao início da tarde de hoje, o Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou através da rede social Twitter que o primeiro camião, de dois, com ajuda humanitária proveniente do Brasil, entrara na Venezuela.

No entanto, cerca das 14:00 locais (18:00 em Lisboa), a Lusa testemunhou que os dois camiões se mantinham na linha divisória na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Quase três horas mais tarde, pelas 16:45 locais, os camiões regressaram a território brasileiro.

O deputado da Assembleia Nacional da Venezuela (dominada pela oposição), Juan Andrés Mejía, relatou que na localidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, junto à fronteira com o Brasil, verificou-se “um massacre contra o povo indígena”, dando conta de “quatro pessoas assassinadas e mais de 20 feridos por balas”.

O chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, voltou hoje a desafiar Juan Guaidó a convocar eleições presidenciais antecipadas, no dia em que faz um mês que o presidente da Assembleia Nacional da Venezuelana se autoproclamou Presidente interino.

Maduro também anunciou o corte de relações diplomáticas e políticas com a Colômbia, país que acusa de apoiar os Estados Unidos da América num golpe de Estado contra o seu regime. O país vizinho disse não reconhecer legitimidade a Maduro para fazer o corte mas ordenou a retirada da sua equipa diplomática dado o risco de segurança.

No discurso perante os seus apoiantes, o Presidente venezuelano também anunciou que aceitará uma oferta da União Europeia para uma “ajuda legal” humanitária ao país.

A entrada de ajuda humanitária, especialmente os bens fornecidos pelos Estados Unidos, no território venezuelano tem sido um dos temas centrais do braço-de-ferro entre Juan Guaidó e Nicolás Maduro.

As doações oriundas dos Estados Unidos e de outros países encontram-se armazenadas em vários Estados vizinhos da Venezuela, como a Colômbia, Brasil e na ilha de Curaçao, nas Antilhas holandesas.

O Governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humanitária no país, afirmação que contradiz os mais recentes dados das Nações Unidas, que estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.

*com agências.