Dos primeiros não reza a história. Ou como sobreviver ao tempo, por Regina, JJ e Portugal

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Há 106 anos Regina da Glória Pinto de Magalhães Quintanilha de Sousa Vasconcelos tornou-se na primeira advogada portuguesa, cinco anos antes da abertura da profissão às mulheres. Regina viria a ser a primeira em muita coisa: a primeira licenciada em Direito, a primeira procuradora judicial, a primeira notária e, até, a primeira conservadora do registo predial.

O ditado diz que dos segundos não reza a história, mas são tantas as vezes em que as histórias dos primeiros passam entre os pingos da chuva. Até hoje, à publicação deste artigo, nunca tinha ouvido falar de Regina. Talvez por não ser advogado, talvez por a história da emancipação feminina em Portugal continue no fundilho dos manuais, vivendo apenas do passa a palavra das histórias de Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher portuguesa a votar, e da Padeira de Aljubarrota.

Ser o primeiro não quer dizer nada. Jorge Jesus, que ontem no dérbi do Rio de Janeiro entre Flamengo e Vasco da Gama perdeu a oportunidade de ser ‘primeiríssimo’ no Brasileirão e ganhar a oportunidade de ter o seu primeiro matchpoint já no próximo domingo, é o exemplo perfeito disso. Com três campeonatos portugueses, seis Taças da Liga, uma Taça de Portugal e duas Supertaças Cândido de Oliveira no palmarés é tantas ou mais vezes recordado pela época ao serviço do SL Benfica dos 90+2 em que perdeu todos os títulos no último momento ou da primeira época com o Sporting CP em que com um recorde de pontos na história do clube - 86 - não conseguiu ir além do segundo lugar no campeonato.

Na história da seleção portuguesa, que joga esta noite um encontro decisivo no apuramento para o Euro2020, no qual já se sabe que o primeiro lugar do grupo é matematicamente impossível, está tão presente a final perdida no Campeonato da Europa caseiro em 2004 como a final conquistada em 2016 em França.

Somos impotentes perante o decorrer da história. Quem diria, por exemplo, que em 2019 haveria uma Conferência Internacional da Terra Plana. Aliás, amanhã termina a terceira, na qual acontecem uma série de palestras e discussões acerca de tópicos relacionados com a teoria de a Terra ser plana, entre eles uma conferência sobre o espaço ser falso, uma análise detalhada à descrição bíblica do planeta, uma palestra dedicada às inconsistências da NASA e a explicação do terraplanismo segundo o método científico”.

É estranho este modo de correr o tempo em que as Reginas se perdem e as teorias arcaicas persistem.

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