Entre a condecoração e o dilúvio

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

Foram os dois tópicos do dia mais curto do ano: o mau tempo que assolou o país e a disputa da final do Mundial de Clubes entre Liverpool e Flamengo, este último orientado por Jorge Jesus. Mas por partes.

A depressão Elsa fez muitos estragos, mas certamente que a Fabien, a depressão que se lhe seguiu, não ajudou, nomeadamente na região centro e no distrito de Coimbra. O caudal do rio Mondego passou os limites, a Câmara alertou a várias localidades para uma possível evacuação, a circulação dos comboios suburbanos foi cancelada e Montemor-o-Velho lançou mesmo um "alerta máximo de risco de cheia" após a rotura de um dique no canal principal do rio. Os incidentes são vários e as imagens dos locais afetados são deveras impressionantes, tal é o nível da água que atingiu habitações, linhas ferroviárias e tudo o que se lhe cruzou pelo caminho. O SAPO24 tem tudo resumido aqui e vai continuar a atualizar o artigo, ponto por ponto.

Quanto ao segundo, o Mengão pode ter caído perante os ingleses, mas caiu de pé. Jesus quis, o Flamengo sonhou, mas a "obra" não nasceu porque o Liverpool acabou por vencer o Mundial de Clubes. É verdade que o desfecho não foi o ideal para o conjunto brasileiro e ninguém troca troféus por consolações ou vitórias morais. No entanto, esta tarde, perante 50.000 pessoas, a turma rubro-negra deu uma boa réplica do seu futebol e os seus adeptos só podem ficar orgulhosos da exibição. E Jesus também. Nem que seja porque Marcelo vai condecorá-lo "pelo prestígio que o seu trabalho como treinador lhe granjeou, bem como a Portugal". Ou seja, ainda não foi eleito "eleito presidente do Brasil" como o treinador do Liverpool sugeriu durante a conferência de imprensa que antecedeu ao jogo, nem enveredou pela carreira política, mas já sabe que será agraciado pela presidência.

Hoje também foi dia de Taça da Liga — e de polémica. O Sporting CP venceu em Portimão com menos um jogador e seguiu em frente na competição devido ao resultado do Rio Ave (perdeu 1-0 em casa frente ao Gil Vicente). Resultado esse que deixou Carlos Carvalhal à beira de um ataque de nervos e a dizer que ia pedir reunião com a direção para pedir a demissão porque "não estava mais para isto". Já o presidente do clube de Vila de Conde foi mais longe nas declarações, criticando a arbitragem, afirmando que "roubaram ao Rio Ave a possibilidade de estar na final four". Já o Benfica, fica por terra e não acompanha o rival até à fase seguinte. Três empates em tantos jogos assim o obrigam. O último aconteceu esta noite, no Bonfim, em jogo que ditou empate (2-2) nos últimos minutos da partida. Ou seja, feitas as contas deste Grupo B, quem segue em frente é o Vitória SC que ganhou (3-0) em Guimarães o Sporting da Covilhã de forma esclarecedora. A final four vai ser disputada entre 21 e 25 de janeiro, em Braga.

Noutra nota, uma não desportiva, ainda que artística. José Leitão de Barros foi dramaturgo, cineasta e muitas outras coisas, mas acima de tudo era um criador que não "merece o esquecimento a que foi votado".  Joana Leitão de Barros e Ana Mantero querem contrariar essa possibilidade com uma biografia publicada pela Editorial Bizâncio. O SAPO24 sentou-se com Joana e falou sobre a vida e os tempos do avô. Uma entrevista interessante que dá a conhecer um pouco mais do indivíduo que pintava, mas que não se considerava pintor e que ficou amargurado por nunca ter conseguido completar a reconstrução duma nau da época dos descobrimentos.

Do passado saltemos para o futuro. Especialmente porque Lisboa é uma das possibilidades. Para quê? Para albergar em 2021 uma nova edição da European Robotics League e poderá receber os robôs do futuro. Daqueles que nos vão fazer torradas e ainda vão tratar do lixo. Poderá parecer um cenário de ficção científica, mas talvez não faltem muitos anos para que deixe de o ser. Para saber saber, é só dar uma espreitade-la pelo artigo "Robôs domésticos, de socorro ou médicos. A realidade já esteve mais longe da ficção".

Além fronteiras vai haver galo gigante. E não é um qualquer. Será um imponente Galo de Barcelos de 1,90 metros, a ser colocado em Toronto, no Canadá. No entanto, admirá-lo, só na próxima primavera.

E por falar em admiração, mas agora mais em jeito de recomendação. Amanhã haverá projeção do filme Fantasia (1940) da Disney na Fundação Calouste Gulbenkian, acompanhada pela Orquestra (música ao vivo) sob a direcção de Nuno Coelho. Porque nunca é demais reviver um clássico e um dos filmes que marca a história cinematográfica.

O meu nome é Abílio dos Reis e hoje o dia foi mais ou menos assim.

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