Afinal, tudo não passou de "falha na comunicação" com a Galiza

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

Parece que os países ibéricos precisam de trabalhar um pouco no diálogo comum ao nível diplomático pois parece que tem existido algumas confusões de interpretação entre ambos. Primeiro, por causa das fronteiras terrestres. Tudo acabou bem, tudo terminou apaziguado entre a irmandade, com acenos e um momento Ó Elvas Ó Elvas, Badajoz à vista entre "dois povos irmãos". Contudo, esta terça-feira parece que surgiu nova situação. Agora com galegos, quase mais irmãos, tendo em conta que até a língua de ambos se funde.

Na origem do mal-entendido está uma norma (e lista, atualizada quinzenalmente) publicada no dia de ontem no Diário Oficial da Galiza que dá conta de que os viajantes provenientes de Portugal e de cinco comunidades do norte de Espanha que visitem a Galiza terão, a partir de hoje, de fazer um registo em que fornecem os seus contactos. Estes são, segundo a mesma fonte, territórios que nos últimos 14 dias tiveram uma incidência cumulativa (IA) de casos de covid-19 por 100.000 habitantes 3,5 vezes superior à da Galiza.

Na lista, segundo o Público, nalguns dos documentos da Junta da Galiza relativos à medida, surgem expressões como "obrigatoriedade de comunicação" ou "deverão comunicar os dados". A notícia passou rapidamente o lado da fronteira e causou algum mau estar.

Depois de países como a Áustria, Dinamarca ou Noruega de considerarem Portugal "um país de risco", e de o país ficar de fora dos corredores aéreos do Reino Unido, agora seriam os nuestros hermanos a colocar um entrave semelhante à entrada dos portugueses na região. Todavia, esta quarta-feira, ficou a saber-se de que tudo não passou de uma "falha na comunicação".

Primeiro, foi o Ministério do Negócios Estrangeiros (MNE) a informar que o Embaixador de Portugal em Espanha, João Mira Gomes, e o Presidente da Junta da Galiza, Alberto Nuñez Feijóo, estiveram reunidos para clarificar tudo relativamente à entrada de cidadãos portugueses naquela Comunidade Autónoma de Espanha. E, diz a nota, o encontro ocorreu "num ambiente de franca amizade".

Ora, em franca amizade, o ministério explicou que a finalidade da criação deste mecanismo "é, apenas e só, obter informação prestada pelos próprios cidadãos para facilitar acesso à rede de cuidados de saúde da Galiza", explica a nota.

Mais tarde, seria mesmo o ministro que tutela aquele ministério a esclarecer ainda mais o tema de como tudo funciona numa "base voluntária", numa "lógica de responsabilidade cívica".

"Ficou absolutamente claro que não há nenhuma classificação de Portugal como um país de risco por parte das autoridades galegas. […] Não há nenhuma restrição, impedimento ou mesmo condicionamento da mobilidade e da livre circulação de cidadãos portugueses, ou oriundos de Portugal, no espaço da comunidade autonómica da Galiza", sublinhou Augusto Santos Silva.

Depois, o Ministro explicou que se trata de um mecanismo muito semelhante ao que Portugal colocou em prática relativamente a quem deseje voar para o nosso país. Ou seja, quem entre nas nossa fronteiras via avião tem de preencher um formulário, o Mecanismo de Localização de Passageiros, que permite saber de onde vieram, onde estão e como podem ser contactados.

Ou seja, a fazer jus às palavras do chefe da diplomacia nacional, amigos como dantes.

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