Iniciativa Liberal, Chega, PEV e PAN reuniram com Marcelo. E isto foi o que ficámos a saber por eles

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, começou esta tarde a ouvir os partidos sobre o Orçamento do Estado para 2021 e o estado de emergência. Ao Palácio de Belém chegaram quatro partidos — Iniciativa Liberal, Chega, PEV e PAN —, que foram ouvidos em audiências separadas.

Nem uma palavra se ouviu de Marcelo sobre o que por lá se passou. Contudo, as as conversas, à porta fechada, chegam até ao mundo pela voz dos representantes dos partidos, numa espécie de jogo do "quem é quem" — mas tendo como protagonista o país e aquilo que poderá acontecer num futuro próximo.

E isto é o que ficámos a saber — ou, na linguagem do jogo, são estas as pistas que temos:

1. Deve continuar o estado de emergência

O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, afirmou hoje que o Presidente da República quer renovar o estado de emergência, um quadro legal ao qual este partido se tem oposto, por considerar que tem permitido "cheques em branco". Em declarações aos jornalistas, manifestou-se contra "medidas como recolher obrigatório a partir das 13:00 ao fim de semana", que no seu entender "não fazem qualquer espécie de sentido", e rejeitou um eventual recolher total, "porque mata ainda mais a economia". Contudo, não avançou com propostas de medidas: "A Iniciativa Liberal não é o género de partido que acha que tem soluções mágicas", respondeu.

2. Eleições à vista a 24 de janeiro de 2021

O presidente e deputado único do Chega, André Ventura, referiu que as eleições presidenciais deverão ser marcadas para 24 de janeiro de 2021. Contudo, deixou a comunicação da data final para Marcelo: "um anúncio que será feito por Marcelo Rebelo de Sousa e não por mim, não é a mim que me compete fazê-lo". Além disso, houve ainda tempo para uma não-resposta do Presidente da República, sobre uma possível recandidatura. "É sabido que sou candidato presidencial, também é sabido que Marcelo Rebelo de Sousa ainda não é. Eu na brincadeira perguntei-lhe se ele tinha já alguma coisa para me dizer, mas ele também honestamente não me respondeu, portanto, ficámos na mesma", acrescentou o presidente do Chega.

3. Concelhos podem vir a ter escalões com medidas diferentes

O deputado e dirigente do PEV, José Luís Ferreira, referiu que o Governo está a ponderar criar três escalões de concelhos e adotar medidas diferenciadas de contenção da covid-19 em cada um deles. Depois da conversa com Marcelo, o deputado do Partido Ecologista "Os Verdes" declarou que este escalão deverá variar "em função da gravidade", ao abrigo do estado de emergência. "Haveria um escalão mínimo para aqueles concelhos que estão entre os 240 e os 480 casos diários [por 100 mil habitantes], esse era o patamar mínimo, o que significa que as restrições aí vão ser mais leves. Há depois um escalão intermédio que envolve os concelhos entre os 480 casos e os 960; e um escalão máximo, onde as restrições vão ser mais intensas, nos casos onde os concelhos verificam um número superior a 960", adiantou. Segundo o deputado do PEV, só nos concelhos deste último escalão "é que haveria os limites que agora estão a existir ao nível dos fins de semana".

4. Restrições podem ser repensadas

O deputado e porta-voz do PAN, André Silva, considerou hoje que é inevitável manter-se o estado de emergência para permitir medidas de contenção da covid-19, mas defendeu que as restrições à circulação nos fins de semana devem ser repensadas. Desta forma, a conversa com o Presidente da República serviu para dar a conhecer esta opinião. "Tal como está neste momento a resolução do Conselho de Ministros prevista para as regras de confinamento ou de restrição de movimentos, parece-nos excessiva, no que diz respeito ao recolher obrigatório, ao confinamento a partir das 13:00. Isso teve um impacto e está a ter um impacto enorme, devastador, na pequena restauração, no pequeno comércio", acrescentou. Para o PAN, esta medida "deve ocorrer idealmente a partir das 15:00, 16:00, permitindo a hora do almoço ao nível da restauração", porque o Governo não tem "condições económico-financeiras para suportar esta paragem deste setor que se está a ver devastado". Além disso, André Silva pediu ao Governo para "acautelar o mais breve possível futuros hospitais de campanha", recorrendo "a estruturas do Estado, nomeadamente estruturas militares, como por exemplo quartéis, para esse efeito".

Amanhã o jogo continua e será a vez de Marcelo ouvir o que têm a dizer o CDS-PP, o PCP, o Bloco de Esquerda, o PSD e o PS. No fim, com que retrato ficaremos do que será o país nos próximos tempos?

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