Imunidade coletiva à vista na Europa?

Marta Pedreira Mixão
Marta Pedreira Mixão

A pandemia tem tido uma evolução variável de país para país, o que faz com que uns confinem enquanto outros desconfinam. Portugal espera desconfinar em breve com um plano faseado, enquanto França anuncia, por exemplo, confinamentos em algumas regiões. No entanto, independentemente do estado da pandemia em cada país, todos colocam as suas esperanças no mesmo: no processo de vacinação, que trará a imunidade.

Porém, os atrasos na produção e entrega de vacinas da covid-19 pela farmacêutica AstraZeneca, associados à suspensão da vacinação em alguns países, obrigaram à redução da velocidade da campanha de vacinação na União Europeia.

Na sequência dos atrasos, a presidente da Comissão Europeia admitiu, no sábado, bloquear as exportações da vacina da AstraZeneca, caso a UE não recebesse primeiro as suas encomendas. Até ao momento, o mecanismo de proibição da exportação de vacinas só foi utilizado uma vez, tendo a Itália bloqueado a exportação de 250.000 doses de vacina AstraZeneca para a Austrália, citando uma "escassez persistente" e "atrasos nas entregas".

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, reagiu à ameaça dizendo que a medida seria “contraprodutiva”.

“A União Europeia sabe que o resto do mundo olha para o modo como a Comissão se comporta” e, “se os contratos e os compromissos são rompidos, seria muito prejudicial para um bloco comercial que se orgulha de [respeitar] a lei”, afirmou Ben Wallace ao canal televisivo SkyNews.

Na opinião do ministro, a concretização da ameaça de Ursula von der Leyen “comprometeria, não apenas as hipóteses de os seus cidadãos [europeus] terem um programa de vacinação apropriado, mas também a de muitos outros países do mundo, e prejudicaria a reputação da UE”.

No entanto, enquanto a polémica AstraZeneca ainda é tema central na vacinação da UE, o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, afirmou hoje que a Europa poderá alcançar imunidade coletiva contra a covid-19 a 14 de julho, sublinhando o aumento esperado das entregas de vacinas.

“Fixemos uma data simbólica: no dia 14 de julho temos a possibilidade de conseguir imunidade a nível do continente”, declarou ao canal francês TF1.

“Estamos na reta final, porque sabemos que, para superar a pandemia, só há uma solução: receber a vacina. As vacinas estão a chegar e vão chegar cá”, afirmou, acrescentando que “entre março e junho, vão ser entregues entre 300 e 350 milhões de doses de vacinas”.

Segundo o comissário europeu, é esperado um aumento das entregas para a Europa, devendo ser entregues 60 milhões de doses em março, 100 milhões em abril e 120 milhões em maio.

Até dia 10 deste mês, a União Europeia tinha administrado 9,64 doses de vacinas por cada 100 pessoas.  Aguardemos então que sejam cumpridos os prazos de entrega e que a "data simbólica" seja próxima da data efetiva.

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