Pela boca morre o vírus?

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

O seu desenvolvimento começou em meados de março de 2020 — quando Portugal foi forçado a entrar no seu primeiro confinamento devido à pandemia da covid-19. Hoje, foi aprovado pela Agência Europeia do Medicamento.

Chama-se Paxlovid, é criado pela farmacêutica Pfizer e trata-se do primeiro medicamento a poder ser administrado por via oral para combater infeções de covid-19 na União Europeia.

“O Comité de Medicamentos Humanos da EMA (CHMP) recomendou a concessão de uma autorização de comercialização condicional para o medicamento antiviral oral Paxlovid para o tratamento da covid-19”, anunciou o regulador europeu.

O seu uso será especificamente direcionado para adultos que não precisam de oxigénio suplementar e que correm maior risco de desenvolver uma forma grave de covid-19, e atua através de duas substâncias que reduzem a capacidade do coronavírus SARS-CoV-2 se multiplicar no corpo:

  • O nirmatrelvir, que bloqueia a replicação do vírus mediante a inibição da enzima proteasa;
  • O ritonavir, cuja função é aumentar a duração da efetividade.

Os ensaios clínicos vinham sucedendo-se desde 2021, com a Pfizer a anunciar que o seu grau de sucesso era de quase 90%. Agora, a CHMP avaliou os dados e constatou que o Paxlovid “reduziu significativamente as hospitalizações ou mortes em pacientes que têm pelo menos uma condição subjacente que os coloca em risco de covid-19 grave”.

Testado em doentes com a variante Delta, falta comprovar a sua eficácia naqueles infetados pela Ómicron — os primeiros estudos em laboratório indicam que sim.

Esta é mais uma das armas desenvolvidas para combater a covid-19 e não é a única a ser tomada por via oral — a Merck também já desenvolveu um antiviral que vai ser distribuído em 105 países pobres —, mas é muito possível que seja a primeira a chegar a Portugal. De resto, já tinha sido aprovada para administração em Israel e nos EUA.

A sua importância não deve ser minimizada: apesar do sucesso das vacinas, novas e mais rápidas formas de combater o vírus são essenciais para uma possível retoma da normalidade.

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