Os enfermeiros especialistas queixam-se de ameaças por parte dos Conselhos de Administração dos hospitais e acusam o ministro da Saúde de desonestidade e de ter enganado os profissionais.
O Sindicato dos Enfermeiros vai entregar na segunda-feira um pré-aviso de greve nacional para os dias 11 a 15 de setembro, anunciou hoje o presidente da estrutura sindical, José Azevedo, em declarações à agência Lusa.
Metade dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia da maternidade do Hospital de Portalegre não prestou hoje cuidados especializados no turno da manhã, na sequência do protesto destes profissionais, segundo os organizadores.
Os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia vão voltar quinta-feira de manhã a interromper as suas funções especializadas, o que pode afetar blocos de parto e maternidades.
O diretor de uma prisão ou guardas prisionais a distribuírem medicamentos aos reclusos são alguns exemplos do impacto da falta de profissionais de saúde denunciada hoje pelo diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais.
Os enfermeiros especialistas mantêm o protesto depois do parecer da Procuradoria-geral da República (PGR) que diz que estes profissionais podem ser responsabilizados disciplinarmente e esperam que da reunião com a tutela saia um compromisso para resolver a situação.
A Ordem dos Enfermeiros considerou hoje que as conclusões do parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República "não enquadram corretamente" a situação atual dos enfermeiros especialistas que estão em protesto e reiterou o seu apoio à causa.
Os enfermeiros especialistas em protesto podem ser responsabilizados civil e disciplinarmente, bem como incorrer em faltas injustificadas, segundo um parecer do conselho consultivo da Procuradoria-geral da República.
O ministro da Saúde classificou hoje o protesto dos enfermeiros especialistas como irresponsável e fora do quadro legal, afirmando que é baseado na “criação de alarme social”.
O ministro da Saúde considerou hoje o protesto dos enfermeiros especialistas como condenável do ponto de vista ético e deontológico, lembrando que o Governo não pode ceder a “exigências intempestivas”.
A bastonária Ana Rita Cavaco disse hoje que a Ordem vai apoiar a greve dos enfermeiros especialistas anunciada para 31 de julho, salientando “não compreender a birra do Governo ao não negociar e resolver o problema".
Os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia vão fazer uma greve de 31 de julho a 04 de agosto, em protesto contra o não pagamento desta especialização, anunciou hoje o Sindicato dos Enfermeiros.
Os blocos de parto da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, com capacidade para onze grávidas, estão neste momento disponíveis para seis, devido ao protesto dos enfermeiros especialistas em obstetrícia.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse hoje desconhecer problemas causados pelo protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia, o que demonstra a sua ”responsabilidade exemplar”.
Os Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica (EESMO) mantêm o protesto de não prestar cuidados diferenciados de obstetrícia, depois de a tutela ter adiado para setembro uma decisão sobre a alteração remuneratória destes profissionais.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) vai aguardar até finais de agosto por uma proposta da tutela sobre a diferenciação salarial dos especialistas, a qual será discutida no mês seguinte com vista à sua aplicação a partir de 2018.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, respondeu hoje às exigências dos sindicatos dos enfermeiros afirmando que o Governo está a fazer o que lhe compete, que é estabelecer “processos de negociação e de diálogo”.
Constrangimentos na vigilância a grávidas foram até ao momento o principal reflexo do protesto dos enfermeiros que desde segunda-feira se recusam a fazer trabalho diferenciado, mas cuja situação poderá ficar desbloqueada na próxima terça-feira.
Vários enfermeiros do movimento EESMO estão desde as 08:00 de hoje junto ao hospital Amadora Sintra para apoiar os colegas que a partir de hoje recusam prestar cuidados diferenciados.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros denunciou hoje que alguns hospitais escalaram enfermeiros especialistas para os blocos de parto a partir de segunda-feira, apesar destes já terem notificado as instituições de que não iriam prestar este serviço especializado.
As feridas são uma “epidemia escondida”, sendo “necessário que os profissionais de saúde tenham formação contínua e especializada” e uma forte aposta na prevenção, disse à Lusa o professor da Universidade Católica do Porto, Paulo Alves, especialista nesta área.
Enfermeiros especialistas em saúde materna vão prestar apenas cuidados de enfermagem gerais, a partir de 03 de julho, para exigirem que a sua tabela salarial seja “adequada à responsabilidade e complexidade das funções” que desempenham.
A bastonária dos enfermeiros rejeita que o problema dos enfermeiros que ameaçam parar os blocos de partos seja “à queima-roupa”, como diz o ministro da Saúde, e lembra que a situação tem oito anos.