Ângelo Fernandes é o fundador da Quebrar o Silêncio — a primeira associação portuguesa de apoio especializado para homens e rapazes vítimas e sobreviventes de violência sexual — e autor do livro "De Que Falamos Quando Falamos de Violência Sexual Contra Crianças?", um guia dirigido a pais, mães e pessoas cuidadoras para a prevenção do abuso sexual de crianças. Além do apoio prestado aos homens sobreviventes na Quebrar o Silêncio, trabalha no sentido de informar e sensibilizar o público em geral sobre violência sexual, especificamente contra homens e rapazes, contribuindo para a erradicação de mitos e crenças sobre abuso sexual e desconstrução de estereótipos de género. Realiza acções de formação sobre violência sexual para profissionais de diversas áreas e estudantes universitários e dinamiza workshops para pais, mães e pessoas cuidadoras no sentido de capacitar para a prevenção da violência sexual contra crianças.
Se a sociedade espera que um homem seja forte, mas, por outro lado, a vítima é fraca, que espaço resta aos homens que foram abusados sexualmente? O silêncio, o sofrimento invisibilizado, a ideia de que não merecem ajuda e uma imensa dificuldade em procurar apoio.
Antes de começar, é fundamental clarificar, desde já, que se uma vítima paralisar, congelar ou ficar inerte não está de algum modo a consentir ser violada. São reações naturais face a uma experiência traumática. Mas vamos por partes, pois debater violência sexual não é um tema fácil e há muitas ques
É fundamental que uma criança se sinta segura para explorar e ser feliz. É na infância que estabelecemos as relações com o mundo e com os outros, e é durante este período que vamos começando a nossa caminhada. Infelizmente, nem todas as crianças têm a possibilidade de ter uma infância segura. Sabemo
Na Quebrar o Silêncio é frequente perguntarem-nos por que falamos nós (tanto) de masculinidades. A resposta é simples: quando prestamos apoio especializado a homens que foram vítimas de violência sexual, é impossível não o fazer.
Se me tivessem perguntado em criança ou em adolescente se tinha sido abusado sexualmente por aquele homem a resposta teria sido não - um convincente e inabalável não. Eu é que tinha sido o abusador. A manipulação dele foi tão habilmente conseguida que cresci a acreditar que tinha sido eu, com 10 ano
Todos os casos são importantes quando falamos sobre violência sexual e é absurdo quantificá-los como poucos, como se não tivessem importância. E se um único caso é grave, o que dizer quando estes são desvalorizados por serem “pouquíssimos”?
A nova campanha da Gillette é um convite à reflexão sobre um conjunto de comportamentos e atitudes que são tóxicas e que limitam a educação e desenvolvimento dos rapazes. São valores que prejudicam os rapazes e raparigas, homens e mulheres. E se prejudicam, por que razão há tanta reação contestatóri
Gostava de sugerir uma pequena reflexão: se o seu filho, irmão, amigo, marido, pai ou colega lhe dissesse que foi abusado sexualmente, como reagiria? Saberia o que lhe dizer?
Quando falamos de prevenção da violência sexual infantil, é importante que as partilhas feitas por Matias Damásio e Tozé Brito sejam também momentos de educação e informação.
Quando se debate violência sexual é comum assistir a reações de pessoas que não reconhecem, e até ridicularizam, o facto de a violência sexual também afetar homens e rapazes. Na base destes comportamentos está um conjunto de crenças e ideias erradas. E estes são alguns dos mitos mais comuns.
A violência sexual é um problema que está profundamente enraizado na sociedade. Sabemos que esta forma de violência afeta principalmente as mulheres e raparigas, mas também sabemos que 1 em cada 6 homens é vítima de alguma forma de violência sexual antes dos 18 anos. Face a estes números, surpreende