A vacina portuguesa e a vacinação dos portugueses

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Numa altura em que a vacina contra a covid-19 é notícia todos os dias, e também à boleia da divulgação do Relatório Semanal de Vacinação, sugiro uma pausa no volume noticioso para olharmos para três notícias que hoje merecem especial atenção no que concerne a esta matéria.

1 - 42% da população portuguesa está totalmente vacinada contra a covid-19

Segundo o relatório semanal divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde, mais de 4,3 milhões de pessoas têm a vacinação completa contra a covid-19 em Portugal, o equivalente a 42% da população residente no país.

De acordo com o documento, até domingo 4.337.479 pessoas (42%) tinham completado o esquema vacinal e 6.213.798 (60%) tinham pelo menos iniciado a vacinação.

As regiões do Alentejo e Centro são as que têm o processo de vacinação mais avançado, respetivamente com 49% e 46% da população com a vacinação completa.

Em contrapartida, Algarve e Lisboa e Vale do Tejo continuam a ser as regiões mais atrasadas, com 40% da população em ambas com o ciclo de vacinação concluído.

2 - A vacina portuguesa termina ensaios não clínicos com “elevada segurança e eficácia”

A biotecnológica portuguesa Immunethep anunciou hoje que os ensaios não clínicos da sua vacina contra o coronavírus já terminaram e demonstraram “uma elevada segurança e eficácia” numa infeção letal por SARS-CoV-2.

A empresa sediada em Cantanhede, no distrito de Coimbra, refere que nos ensaios não clínicos foram usados como modelo animal os ratinhos transgénicos k18-hACE2 que, infetados com o coronavírus, desenvolvem uma doença semelhante aos humanos.

Citado no documento, o cofundador e diretor científico da Immunethep afirma que, “através destes ensaios não clínicos e da taxa de sobrevivência de 100% observada, foi possível confirmar a eficácia da vacina em infeções letais por SARS-CoV-2”.

3 - Vacina da Janssen associada a síndrome de Guillain-Barré nos EUA

Os Estados Unidos preparam-se para alertar para uma ligação entre a vacina contra a covid-19 da Janssen e a síndrome de Guillain-Barré, uma doença rara do sistema imunitário que causa inflamação dos nervos e pode levar à dor, dormência, fraqueza muscular e dificuldade em andar.

O aviso, ainda não oficializado, será emitido pela Food and Drug Administration (FDA), a agência governamental responsável pela aprovação da utilização de novos medicamentos, vacinas e outros produtos relacionados com a saúde pública.

De acordo com o The New York Times, que cita fontes familiarizadas com o assunto, a FDA concluiu que as pessoas que receberam a vacina da Janssen, subsidiária da multinacional americana Johnson & Johnson, têm três a cinco vezes mais probabilidades de desenvolver a síndrome de Guillain-Baré. No entanto, segundo reporta a publicação, a ligação entre a doença neurológica rara e a vacina pode ser real, mas o risco parece ser muito pequeno. Dos 12,8 milhões de pessoas que receberam a vacina da Janssen nos Estados Unidos, cerca de 100 podem ter desenvolvido sintomas. A maioria das pessoas afetadas começou a apresentar sintomas duas semanas após a imunização e, na maioria dos casos, o perfil corresponde a homens com mais de 50 anos. Embora os sintomas passem, frequentemente, dentro de semanas, em alguns casos a condição pode causar danos nervosos permanentes.

"A probabilidade de isso acontecer é muito baixa e a taxa de casos relatados excede a incidência sem qualquer intervenção por uma pequena margem" na população em geral, explica a Johnson & Johnson em comunicado.

E porque é que é importante 'bater na mesma tecla'? Falar mais do mesmo tema dos últimos dias? Porque para além das duas primeiras boas notícias e do aviso de que teremos, seguramente, mais conhecimento nos próximos tempos por parte das autoridades de saúde norte-americanas, há outras duas que continuam a ser a base da necessidade de informação: Portugal é o quarto país da União Europeia com mais novos casos diários de infeção e a incidência nos jovens adultos quintuplicou no último mês.

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