Angola já escolheu o seu presidente... e o Brasil prepara-se para fazer o mesmo

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

Angola já escolheu o seu presidente...

É oficial: João Lourenço é o presidente (re)eleito de Angola. Depois da controvérsia dos últimos dias, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana divulgou, esta tarde, os resultados oficiais das eleições de 24 de agosto.

O partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), venceu com 51,17%, tendo a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) obtido 43,95%, anunciou o presidente da CNE, o Juiz Manuel Pereira da Silva.

Mais especificamente, o MPLA arrecadou 3.209.429 de votos, elegendo 124 deputados, e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) conquistou 2.756.786 votos, garantindo 90 deputados.

Tendo em conta que em Angola não se vota diretamente num candidato presidencial, mas nos partidos a concorrer para a Assembleia Nacional, tal significa que é João Lourenço a manter-se no poder do país.

"Procedemos à proclamação de Presidente da República o presidente da formação política mais votada", disse Manuel Pereira da Silva.

Recorde-se que, no rescaldo das eleições, a UNITA contestou uma possível vitória do MPLA, indicando que estava a desenvolver uma contagem de votos paralela, com base nas atas síntese provenientes das 18 províncias do país, pedindo uma comissão internacional para comparar as atas eleitorais na posse do partido com as da CNE.

Os seus pedidos não foram acedidos, à exceção da verificação dos votos reclamados. Dos 11.153 votos nestas condições, 7.925 foram considerados válidos. Destes, foram atribuídos 4.360 ao MPLA e 2.935 à UNITA com os restantes a serem distribuídos pelos outros partidos.

Mantendo o silêncio desde o fecho das urnas, João Lourenço falou finalmente, agora como Presidente da República reeleito.

"A vontade soberana do povo angolano acaba de conferir ao MPLA a legitimidade de governar Angola. No dia 24 de agosto o povo escolheu de forma inequívoca, com garantia de estabilidade", disse, aproveitando ainda para comentar a contestação da UNITA sobre o resultado final.

"A oposição contesta, mas há instituições adequadas para fazer essa contestação. Vamos aguardar o que o tribunal dirá sobre isso. Temos legitimidade para governar sozinhos, não precisamos de fazer geringonças. Essas são feitas quando o partido vencedor não tem votos suficientes para governar sozinho", salientou.

Resta então aguardar pela reação de Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA, que reforçou esta segunda-feira à CNN Portugal que “a verdade eleitoral tem de ser respeitada”.

A relação que a oposição terá com o poder no período pós-eleitoral ditará que tipo de Angola haverá nos próximos anos, sendo que alguns sinais preocupantes vêm surgindo: tanto a organização não-governamental angolana Friends of Angola como a Sociedade Civil Contestatária queixam-se de atitudes repressivas e persecutórias das autoridades, que passam por detenções arbitrárias a manifestantes e impedimento de realizar conferências de imprensa.

…e o Brasil prepara-se para fazer o mesmo

Se em Angola, pelo que constam os desenvolvimentos de hoje, o período eleitoral terá findado, no Brasil está a começar em força.

A campanha eleitoral para as presidenciais no Brasil começou formalmente no dia 16, mas terá oficialmente começado ontem, com o debate televisivo entre os principais candidatos.

Depois de alguns dias de indefinição quanto à comparência dos dois mais fortes concorrentes — Jair Bolsonaro e Lula da Silva —, ambos encontraram-se no embate promovido pela Rede Bandeirantes e o jornal Folha de São Paulo deste domingo, ao lado de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet MDB), Luiz Felipe d'Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Sem surpresas, o debate ficou marcado pela troca de acusações entre Lula e Bolsonaro — que, de resto, também atacou uma das jornalistas a cargo de moderar o debate (devido a uma pergunta sobre a vacinação, dirigida a Ciro Gomes) e alguns juízes do Supremo Tribunal Federal.

Quem ganhou o primeiro duelo? Com uma corrida tão polarizada — e polarizante —, dependerá da perspetiva de cada lado das barricadas. Para o nosso cronista Francisco Sena Santos, a real vencedora foi Simone Tebet que, apesar de ter apenas 2% das intenções de voto, foi, na sua opinião, “a melhor e mais eficaz a argumentar no primeiro debate”.

As eleições presidenciais brasileiras estão marcadas para 2 de outubro, com possibilidade de uma segunda volta, caso seja necessária, no dia 30 do mesmo mês. Até lá, seguem-se debates nos dias 14, 24 e 29 de setembro.

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