Ninguém faz um aborto por gosto, senhores, faz-se por impossibilidade prática de gerar e criar uma criança, por falta de condições emocionais, físicas, financeiras. E faz-se porque a violação continua a ser um crime que acontece a todas as horas do dia.
Faz todo o sentido ser feminista. O que não faz sentido é voltarmos a discutir a santidade da vida, num moralismo religioso que incute medo e submissão.
Durante anos, defendi a TAP como quem defende o país e o seu bom nome, uma companhia de bandeira, a nossa. Aqui chegada, a minha relação com a TAP terminou, é um divórcio sem retrocesso, não sobra nem uma réstia de amizade.
Estamos à beira dos 50 anos do 25 de Abril, mas há muito que continua por fazer, sendo que garantir a segurança às mulheres é, claramente, uma das metas por cumprir.
O fim é uma realidade que nos ultrapassa. O castigo é o cenário anterior, a doença, o arrastar de decisões médicas, palavras e terminologias desconhecidas, previsões fantasiosas, negações e pensamentos mágicos.
Que uma médica, na televisão, diga “aleijadinha” deixa muito a desejar. Terá o mesmo tipo de vocabulário em consultório? Talvez nunca tenha pensado nestas questões, mas precisa muito de rever o seu discurso.
A minha avó gostava de boas conversas, de almoços e jantares prolongados, preguiçosos, com anedotas e histórias de família, mas novidades em número surpreendente para ansiar pelo que aí vinha.
Podemos simplificar e aceitar o que diz: “Sou a Simone e canto cantigas”. Mas é muito mais do que isso. É uma força da natureza, pioneira em tantas coisas, livre como poucas mulheres da sua geração. A vida não lhe foi fácil.
Depois de dois anos de pandemia a impedir-nos de viver como sempre vivemos – sim, éramos felizes e não sabíamos –, temos de enfrentar a guerra com um sentido de impotência tremendo, angustiante.
As imagens [da guerra] são terríveis. A desumanidade de tudo o que tem acontecido é devastadora. Se já estávamos deprimidos depois de dois anos de pandemia, e de confinamentos e limitações várias, esta é, para mim, a cereja no topo do mal maior.
Não chove, os agricultores andam desesperados. A biodiversidade está em perigo. O buraco do ozono é maior que o Canadá – e já o é há muitos anos – e o que fazemos nós? Empurramos com a barriga. Esgotámos o cartão de crédito que a Terra nos ofereceu e somos tão egoístas que não paramos de fazer asnei
Já se sabe que o contrário da palavra Paz, o antónimo, é Guerra e que nunca vivemos sem ela. Também sabemos que é um negócio de muitos milhões de euros, servindo os interesses de várias empresas de armamento de diferentes proveniências.