Tradutor e professor. Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa e A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa. Escreve no blogue Certas Palavras.
Há umas semanas que ando a passear por estes tempos peculiares a bordo do alfabeto. O fim das nossas letras é mais difícil, mesmo ignorando o W e o Y...
Já que têm ocupado parte da nossa atenção por estes dias e agora não podemos viajar mesmo a sério, lembrei-me de olhar para as palavras «luva» e «máscara» e partir de viagem ao passado.
Na semana passada, comecei a volta a casa pelas letras do alfabeto. Esta semana começamos no F e terminamos no J — e saímos de casa durante uns minutos.
Que viaje até Santarém quem vive noutra época — com este vírus que Deus nos deu, o próprio Garrett não se atreveria a ir sequer à Azambuja... Fiquemo-nos, portanto, em casa. Não há-de ser nada. E se estamos em casa, porque não uma volta a ver as vistas, de A a Z?
As palavras, que usamos sem pensar nelas, guardam histórias de viagens — até as mais insuspeitas, como o tão famoso "isolamento", que tem dentro de si uma bela e deliciosa palavra antiga.
A palavra «vírus», que infectou as nossas notícias e as nossas preocupações de há umas semanas para cá, tem uma história curiosa: vem do velhinho latim, mas, para chegar à língua portuguesa, passou pela cabeça dum holandês.
Desta vez, decidi escrever uma crónica útil. Pois bem: aqui fica uma máquina de fazer histórias, dedicada a todos os pais que já não sabem que mais inventar para adormecer os filhos.
Na passada sexta-feira, comemorou-se o Dia da Língua Materna. Compreensivelmente, pensámos todos na nossa própria língua. Mas hoje pergunto: quantas línguas maternas há no mundo?
Hoje apetece-me brincar um pouco com a língua (salvo seja). Penso nas palavras pequenas, daquelas simples, com duas letras, mas não todas: apenas as que terminam com a letra «a»… Vamos lá então viajar pela ordem alfabética.
Não é de agora. Em 2014, todos os partidos do Parlamento da Galiza aprovaram uma lei que incentivava o ensino do português e a recepção das televisões portuguesas na Galiza. Porquê?
Um mundo a uma só língua seria um mundo mais pacífico? Não sei. Mas sei que seria, provavelmente, um mundo a caminho de falar, de novo, muitas línguas.
O Natal é a época da família e da concórdia, mas também das grandes discussões à volta da mesa, quando as famílias têm a oportunidade de debater as grandes questões da Humanidade: o Brexit, a Impugnação de Trump — e se devemos dizer «vermelho» ou «encarnado»...
Uma língua é feita de palavras bonitas, palavras úteis, palavras irritantes, palavras que deliciam, palavras que não servem para nada, palavras feias como tudo. Pois, hoje, apetece-me falar destas últimas.
Aposto que haverá um tema dominante das festas de fim de ano daqui a umas semanas: os Anos 20 (do século passado)! Mas será que os Anos 20 (deste século) começam já?
Quando andamos pela Europa, estamos habituados a que ninguém nos compreenda quando falamos português. Ora, há um povo que percebe o que dizemos, mas nós nem notamos...