O regresso da orelhuda

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

A Liga dos Campeões está de volta. Em tempos extraordinários, foi necessário aprovar medidas e regras extraordinárias. Feitas as contas e tudo sanado, organizado e pronto a seguir em frente, os fãs de futebol vão ter direito a 11 jogos no espaço de 17 dias, de modo a descobrir qual é o melhor conjunto da época 2019/20 e que sucede ao Liverpool na mais alta tribuna das competições de clubes da Europa.

E se dificilmente será necessário recordar que a competição se vai disputar em Lisboa, há certos trâmites nos seus moldes habituais que mudaram devido à pandemia e que valem a pena assinalar. Em que fase é que a competição se encontrava quando foi interrompida? Que jogos é que faltam disputar dos oitavos de final? Estas e outras questões pertinentes estão respondidas neste artigo — onde pode saber tudo e não se perder em pontas soltas.

Numa outra nota, a taça da Liga dos Campeões, carinhosamente apelidada de orelhuda, já aterrou em Portugal. E, ainda que a competição comece hoje, mas não será já que os jogos se vão disputar em Lisboa. Esses só vão começar no dia 12 de agosto e vão ter lugar até dia 23, data em que se irá disputar a final no Estádio da Luz. Primeiro há que decidir quem são os oito finalistas. Ou seja, ao fim de 149 dias a sofrer com a ausência da Liga dos Campeões, há quatro jogos da segunda mão dos ‘oitavos' para esclarecer quem se junta a Atalanta, Leipzig, Atlético de Madrid e Paris Saint-Germain.

Esta sexta-feira, à hora em que está a ser escrito esta crónica (as partidas começaram às 20h00), Ronaldo está a tentar ajudar a Juventus a afastar os franceses do Lyon, ao passo que Pep Guardiola está a tentar fazer com que o seu Manchester City consiga passar a perna ao Real Madrid. No entanto, só amanhã é que ficará definido todo o quadro dos quartos de final, depois dos encontros Bayern de Munique-Chelsea (3-0, na primeira mão) e FC Barcelona-Nápoles (1-1).

A competição deste ano tem todas as condições para ser aquela "para mais tarde" recordar. Este formato a uma mão pode ajudar os clubes mais pequenos. Não há o factor casa, os golos fora, a intimidação de jogar contra um estádio inteiro a puxar pelo adversário. Os grandes, os clássicos, como o Real Madrid, estão com menos espaço para emendar erros e dar azos a remontadas. Há quem seja da opinião de que desvirtua o cerne da competição, mas há quem acredite que este ano será mais excitante. 

Uma coisa parece ser mais ou menos válida: será sempre um ano da edição do asterisco, ou seja, a da vitória ocorrida num ano atípico, invulgar, vincado pelo incaracterístico dos tempos. Neste caso, será recordada por ser a edição da pandemia. Isto é, se for o Real Madrid, PSG ou Barcelona a levantarem a taça no fim, será encarado daqui a uns anos como uma normalidade e em décadas vindouras nem nos lembrarmos-e-mos do ano em que foi. Contudo, se for uma Atalanta ou um Leipzig a conseguir surpreender, será sempre uma vitória que terá por arrasto o estigma do "ganharam, mas foi no ano da covid-19". 

Seja como for, até lá, é preciso que se jogue primeiro. Portanto, venha daí essa maratona de Champions.

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