Guerra na Ucrânia: O que se passou nos últimos dias?
Porque é que os acontecimentos na Ucrânia voltaram a ganhar maior destaque?
Porque a contra-ofensiva ucraniana a sul e a leste do país tem tido ganhos inesperados, ultrapassando até mesmo as estimativas mais otimistas.
Como assim?
De acordo com fontes oficiais da Ucrânia, as suas forças territoriais terão recuperado mais de 3.000 quilómetros quadrados de território nestes últimos dias, após seis meses de guerra — só nas últimas 24 horas, terão sido reconquistadas 20 aldeias. E nesta segunda-feira, Kiev reivindicou a reconquista de 500 quilómetros quadrados em duas semanas de contraofensiva na região de Kherson.
"As tropas russas estão a abandonar de forma apressada as suas posições e a fugir", lê-se numa nota oficial.
Parte do sucesso desta contraofensiva no nordeste poderá dever-se ao que a Ucrânia apelidou de "operação especial de desinformação" — numa referência irónica ao facto de a Rússia se referir internamente à guerra como uma "operação militar especial".
O porta-voz das forças especiais do exército ucraniano, Taras Berezovets, descreveu-o da seguinte forma ao The Guardian: “A Rússia pensou que íamos atacar no Sul e levou para lá o seu equipamento. Em vez disso, a ofensiva aconteceu onde eles menos esperavam, o que os deixou em pânico.”
O avanço motiva as esperanças de Kiev de um ponto de inflexão no conflito, após um longo período em que a frente de batalha parecia estagnada.
Mas esse avanço é real ou é propaganda de guerra?
A avaliar pelo repórteres no terreno, a Ucrânia está mesmo a rechaçar a Rússia de posições que ocupava há vários meses. A AFP esteve em Izyum, cidade estratégica na região de Kharkiv, onde constatou o controlo ucraniano de uma cidade ocupada pelos russos desde o início da primavera.
Durante o fim de semana, as agências noticiosas comprovaram também que Kupiansk — tomada apenas uma semana depois da invasão, iniciada a 24 de fevereiro — e Kozacha Lopan — localizada a apenas quatro quilómetros da fronteira russa. Zaliznychne foi outra das localidades libertadas, sendo que as forças ucranianas encontraram quatro corpos de civis com "vestígios de tortura"
De resto, a própria cúpula militar russa admitiu este sábado ter “retirado” as suas forças presentes “nas regiões de Balakliia e Izyum”, a fim de “fortalecer” o seu sistema em torno de Donetsk, mais a sul, uma das capitais dos separatistas pró-russos.
Já hoje, as autoridades de ocupação pró-Rússia na região de Kharkiv afirmaram ter seguido para a região russa de Belgorod, perto da fronteira, com a justificação oficial de acorrer ao auxílio no fluxo de refugiados, segundo as agências russas de notícias.
Vitaly Ganchev, o chefe da administração de ocupação de Moscovo em Kharkiv, admitiu que as forças ucranianas superaram os russos em oito soldados para um na reconquista desta região. "A situação está a tornar-se mais difícil a cada hora”, salientava Ganchev enquanto se dirigia para fora da região.
Significará isto que o rumo da guerra está a mudar?
É difícil apontar, nesta fase. Depois de reconhecer que perdeu território, o Kremlin retomou nesta segunda-feira o tom bélico e anunciou o bombardeamento das zonas recuperadas pela Ucrânia na região de Kharkiv, nas áreas de Kupiansk e Izyum.
Indo ao encontro deste comunicado, sabe-se que várias regiões do leste, norte, sul e centro da Ucrânia sofreram cortes de energia elétrica este domingo, que as autoridades ucranianas atribuíram a ataques russos.
Perto de Kharkiv, a central termoelétrica número 5, a segunda maior do país, foi afetada, informou a presidência, mas o abastecimento de energia elétrica foi rapidamente restabelecido em algumas áreas afetadas.
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, classificou os ataques como "um ato de desespero" das forças russas após várias derrotas.
Como é que a Rússia está a encarar estas perdas?
Moscovo afirmou que a ofensiva iniciada em fevereiro prosseguirá "até alcançar os objetivos" — não estabelecendo quaisquer outras metas. "Atualmente não há perspectivas de negociações entre Moscovo e Kiev", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Dado o caráter surpreendente deste avanço, é cedo para prever que tipo de resposta a Rússia dará.
No entanto, a nível interno, a pressão aumenta para o regime e começa a "pesar" sobre a reputação de Putin. Nacionalistas russos exigem agora ao seu líder que faça mudanças imediatas na ofensiva, com vista a garantir uma vitória definitiva sobre a Ucrânia, escreve a Reuters.
O líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, aliado de Putin e cujas tropas estão também na linha da frente, assumiu que a campanha militar não está a correr como esperado. "Se hoje ou amanhã não forem feitas mudanças na operação militar especial, serei forçado a ir até à liderança e explicar-lhes a situação no terreno".
"Por causa de erros que não conhecemos, o controlo do processo político foi perdido", assumiu Sergei Markov, um analista pró-Kremlin, que aparece recorrentemente na televisão estatal, nas redes sociais. "Eu garanto-vos que esta confusão não vai durar. Mas de momento, é uma confusão".
“Parece que está na altura de endurecer,” defendeu Vladimir Solovyov, no seu programa de televisão este domingo, dizendo que a Rússia não está a fazer o suficiente para travar o exército ucraniano e quebrar as suas linhas de abastecimento.
Mesmo que a fúria seja, nesta fase, direcionada para as chefias militares, a contraofensiva ucraniana não abona em favor da imagem de estratega militar e político de Vladimir Putin, numa guerra anunciada como "operação especial", que se esperava ver "resolvida" em algumas semanas e leva já mais de seis meses.
Em resultado do aumento da contestação, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denunciou nesta segunda-feira a "intimidação" na Rússia dos opositores à guerra na Ucrânia, assim como as "formas de censura" vigentes no país.
“A intimidação, as medidas restritivas e as sanções contra pessoas que se opõem à guerra na Ucrânia prejudicam o exercício das liberdades fundamentais garantidas pela Constituição, em particular os direitos à liberdade de reunião, expressão e associação”, afirmou a alta-comissária em exercício, Nada Al-Nashif, no discurso de abertura da 51ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.
E a Ucrânia, como encara estes avanços?
Otimista, é como se pode caracterizar o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que prognosticou no sábado uma "rápida desocupação" do país este inverno, pelo facto de os militares russos "estarem a fugir em várias direções".
“Este inverno é um ponto de inflexão e pode implicar uma rápida desocupação da Ucrânia. Vemos como [as forças russas] estão a fugir em algumas direções. Se formos um pouco mais fortes com as armas, poderemos desocupar mais rapidamente”, assinalou durante uma intervenção no fórum internacional anual na Yalta European Strategy (YES).
No entanto, o líder ucraniano deixou uma ressalva: “Para isso, o nosso exército necessita de um fornecimento sistemático dos tipos de armas necessários”. A mesma mensagem seria replicada pelo chefe da diplomacia ucraniana, Dmitro Kuleba.
"Armas, armas, armas são a nossa agenda desde a primavera. Agradeço aos aliados que atenderam ao nosso apelo: os êxitos ucranianos no campo de batalha são compartilhados", afirmou.
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