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Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, o presidente do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, autoproclamou-se presidente interino da Venezuela na quarta-feira, 23 de janeiro, e foi reconhecido como tal por diversos países. Maduro respondeu a partir do palácio presidencial pedindo à Justiça que atue para proteger o Estado e apontando baterias aos Estados Unidos, com quem acabou por cortar relações diplomáticas. O ministro da Defesa venezuelano já disse que os militares não aceitarão "um Presidente imposto à sombra de interesses obscuros”. O futuro político do país revela-se incerto. Acompanhe aqui tudo o que se sabe até agora, ponto por ponto.
- O presidente do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, autoproclamou-se presidente interino da Venezuela durante um comício na quarta-feira, 23 de janeiro, dia em que milhares de venezuelanos tomaram as ruas, em manifestações pró e contra Nicolás Maduro. Leia aqui o perfil de Juan Guaidó.
- No entanto, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, na quinta-feira, dia 24 de janeiro, condenou a autoproclamação e acusou o deputado de pretender "usurpar um cargo de eleição popular".
- O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse esta quarta-feira que os militares não aceitarão "um Presidente imposto à sombra de interesses obscuros”, após o líder do parlamento, o opositor Juan Guaidó, se ter autoproclamado Presidente interino. Os principais militares do país estão ao lado de Maduro.
- A polícia venezuelana respondeu às manifestações com gás lacrimogéneo.
- Já morreram 27 pessoas nos protestos contra o Governo, segundo dados divulgados por organizações não-governamentais. António Guterres, o Secretário-geral da ONU, pediu uma investigação sobre as vítimas dos protestos.
- A autoproclamação de Juan Guaidó teve lugar depois de várias noites de protesto (desde segunda-feira, dia 21 de janeiro).
- Os Estados Unidos da América foram o primeiro país a reconhecer a legitimidade de Juan Guaidó como presidente interino e adiantam que "todas as opções estão em cima da mesa" se Nicolás Maduro responder com violência à autoproclamação do líder do parlamento.
- Mais tarde, num comunicado dirigido ao Presidente Nicolás Maduro, Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, que chamou Maduro de "ex-presidente", afirmando que o mesmo "não tem autoridade legal para romper relações com os EUA ou declarar de ‘personas não gratas’ os diplomatas norte-americanos". Pompeo anunciou ainda que vai manter a equipa diplomática na Venezuela e instou as Forças Armadas venezuelanas a protegerem os cidadãos norte-americanos. Em resposta, Maduro ordenou o fecho da embaixada em Washington e dos consulados venezuelanos nos EUA.
- À semelhança dos EUA, também o Brasil anunciou que os diplomatas brasileiros vão permanecer na Venezuela, contrariando as ordens de Nicolás Maduro. O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, afirmou que o país responde apenas ao presidente do parlamento venezuelano.
- Países que reconhecem a legitimidade de Guaidó: Estados Unidos da América, Brasil, Canadá, Reino Unido, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Paraguai, Guatemala e Costa Rica. Acresce a estes países a Organização dos Estados Americanos.
- Países que não reconhecem a legitimidade de Guaidó: México, Bolívia, Rússia, Turquia e China. O México, inclusivamente, já se ofereceu para assumir um papel de mediador entre as duas partes e Vladimir Putin acusou os Estados Unidos de ingerência externa.
- Entretanto, na quinta-feira, os Estados Unidos pediram uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater a crise na Venezuela.
- Nicolás Maduro respondeu à iniciativa de Juan Guaidó pedindo à justiça que atue para preservar o Estado e apontou baterias aos Estados Unidos, acusando-o de intervencionismo. Maduro já fez saber que os diplomatas norte-americanos tem 72 horas para abandonar o território venezuelano.
- Já Juan Guaidó, em comunicado, garantiu relações diplomáticas "com todos os países", contrariando a decisão de Nicolás Maduro de romper vínculos com Washington.
- O vice-Presidente brasileiro, Hamilton Mourão, descartou a possibilidade de o Brasil participar numa intervenção armada na Venezuela para retirar Nicolás Maduro do poder, por não ser tradição da política externa do seu país de "intervir nos assuntos internos dos outros países".
- O Governo de Portugal pediu que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional da Venezuela e o direito à manifestação pacífica. A par, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, lamentando a existência de mortos nos protestos, diz que a “prioridade” de Portugal é garantir a “segurança física” dos portugueses na Venezuela e afirma o seu respeito à "vontade inequívoca" mostrada pelo povo venezuelano, admitindo que está na altura de Maduro compreender "que o seu tempo acabou". Mais tarde, sustentaria ainda que "não há nenhum golpe de Estado em curso na Venezuela".
- Também o Primeiro Ministro, António Costa, afirmou que todos os instrumentos serão ativados para apoiar portugueses no território, reiterando que a posição que Portugal tomar será em consonância com a da União Europeia.
- Antes da divulgação da posição do governo português, cerca de duas centenas de pessoas, maioritariamente estudantes, concentraram-se ao início da noite de quarta-feira na praça da Liberdade, no Porto, para pedir ao Governo nacional que "tome uma posição em relação à situação que se está a viver na Venezuela" e que não reconheça "a ditadura de Nicolás Maduro".
- Já esta quinta-feira, dia 24, Marcelo Rebelo de Sousa considerou necessário respeitar "o que é a vontade soberana do povo venezuelano", numa posição em linha com a do Governo. O Presidente da República acrescentou que "não comenta atitudes de outros chefes de Estado ou de outros Estados".
- Também em Lisboa, dezenas de venezuelanos e portugueses que viveram no país juntaram-se esta quarta-feira no Terreiro do Paço para celebrar o facto de Juan Guaidó se ter autoproclamado Presidente interino da Venezuela, exigindo mudanças no país.
- A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, pediu ao Governo, através do Facebook, que reconheça Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, num processo de transição democrática que deve passar por eleições livres, devolvendo a voz aos venezuelanos.
- Já o PSD defendeu que Portugal deve concertar uma posição comum com a União Europeia sobre a Venezuela e que esta deve ir no sentido de reconhecer o presidente interino, Juan Guaidó, até à realização de eleições livres. Os sociais-democratas entregaram, esta quinta-feira, no parlamento português, um voto de condenação e pesar pela morte de manifestantes na Venezuela.
- Os dirigentes do PCP condenaram o que consideram ser uma "operação golpista" dos Estados Unidos na Venezuela, apoiada pela União Europeia, lamentando ainda o "seguidismo" do Governo português.
- Carlos César, líder parlamentar do PS, afirmou esta quinta-feira que o partido defende a marcação de eleições livres como única forma de evitar a continuação da situação caótica.
- Na Madeira, o presidente do Governo regional disse que a Venezuela está “num impasse”, defendendo ser necessário “bom senso” para efetuar uma transição política no país. Já a Câmara Municipal do Funchal expressou “solidariedade” e espera a “reposição da normalidade democrática” no país.
- O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse esperar que a União Europeia (UE) fique “unida” a apoiar “as forças democráticas” na Venezuela.
Última atualização às 23:11 de quinta-feira, 24 de janeiro
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