Tradutor e professor. Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa e A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa. Escreve no blogue Certas Palavras.
A Espanha é, para muitos portugueses (não direi a maioria, porque não sei quantos são), um território imenso que devemos passar por cima, de avião — ou então de carro, bem depressa, quase sem parar, até chegar a França e então respirar.
Ora, andava eu descansado na minha vida quando abro o Facebook. Começo a ler várias pessoas a reclamar contra um trocadilho: «Parem com essa história do 31!» «Chega do trocadilho do 31!» «Não têm nada mais original para dizer?»
Se não pensarmos nos polícias armados, nos cães à procura de bombas, nas emoções à flor da pele das crianças, nos telemóveis dos vizinhos, nas pipocas no chão — ir ao cinema com um filho é muito bom!
A palavra "nacionalismo" engana os portugueses. A culpa não é nossa: como praticamente todos os portugueses concordam que Portugal é uma nação e ninguém quer criar um novo país dentro das nossas fronteiras, achamos que nacionalista só pode ser aquele que dá tanta importância à Nação (sempre com maiú
Nos recentes debates sobre o referendo catalão, tem aparecido nas bocas dos defensores da unidade espanhola esta espantosa frase: «Espanha é a nação mais antiga da Europa!» Normalmente, a frase é dita como ataque ao independentismo catalão, que — na óptica espanhola — está a tentar destruir o país m
Há pouco, li o título dum jornal a passar por mim, a grande velocidade, pelo Facebook: "Turistas apresentam quatro queixas por mês contra taxistas". Quando dei por mim, já tinha perdido a notícia e não consigo saber em que jornal apareceu. (Sim, eu sei que há o Google, mas hoje não me apetece.)
Já escrevi sobre a maneira como as imagens nos enganam. E as palavras? As palavras, às vezes, enganam muito mais. Aqui ficam três truques para chamar a atenção dos outros usando a nossa língua — para o bem e para o mal.
Não é que não haja muita coisa importante para discutir — na verdade, podia começar para aqui a falar da liberdade de expressão, do populismo à portuguesa, dos fogos que deixaram o coração real e político do nosso país a arder...
Há frases simplistas. Há fotografias simplistas. E às vezes há a vontade de deitar abaixo uns quantos adolescentes só porque dá jeito para o nosso argumento simplista de ocasião.
Houve um dia em que o meu avô ficou com a bandeira soviética na cabeça — e houve um dia em que a rainha de Inglaterra apareceu com um estranho chapéu na televisão.
Hoje, tinha pensado escrever sobre o Facebook. Aliás, até posso revelar a ideia: queria falar das armadilhas em que caímos nessa nossa outra vida virtual. Seria um texto leve, divertido (se conseguisse), cheio de piscadelas de olho. Mas depois liguei a televisão e vi a notícia: morreram 19 pessoas n
Já me aconteceu dizer algo como «gosto muito de ir ao Porto» — e ter logo alguém a disparar: «ah, sim, mas Lisboa é que é». Ora, note-se, dizer «gosto muito de ir ao Porto» é uma frase onde não entra Lisboa nem de raspão.