Tradutor e professor. Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa e A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa. Escreve no blogue Certas Palavras.
Este é um artigo por antecipação: como daqui a oito dias é Natal, queria falar já do grande assunto da semana que agora começa: as eleições na Catalunha. Tenho, no entanto, um problema: não faço ideia se vão ganhar os independentistas ou os unionistas. Assim, o melhor é falar daquilo que não vai mud
Não é novidade para ninguém que somos uma espécie muito parcial. Imagino que as outras também o sejam, mas como não conseguimos assistir aos vigorosos debates que se fazem entre cães, gatos, formigas e demais bicharada, a verdade é que só vemos quão pouco isentos somos nós mesmos, seres humanos e de
Já tinha eu o artigo alinhavado, faltava apenas a conclusão — e era um artigo tremendo, capaz de mudar umas quantas mentalidades, como se diz por aí. É então que a Zélia me diz: temos de ir ao IKEA.
Ora, se o meu caro leitor estiver desocupado e quiser tornar-se famoso, pode sempre tornar-se num teórico da conspiração. Só para ajudar, deixo aqui três teorias da conspiração prontas a servir. É só aquecer no microondas e servir no Facebook.
Há umas semanas, estive quase para não escrever esta crónica porque deixei cair os óculos no mar. Pois, esta semana aconteceu algo pior: deixei o computador em casa.
A Espanha é, para muitos portugueses (não direi a maioria, porque não sei quantos são), um território imenso que devemos passar por cima, de avião — ou então de carro, bem depressa, quase sem parar, até chegar a França e então respirar.
Ora, andava eu descansado na minha vida quando abro o Facebook. Começo a ler várias pessoas a reclamar contra um trocadilho: «Parem com essa história do 31!» «Chega do trocadilho do 31!» «Não têm nada mais original para dizer?»
Se não pensarmos nos polícias armados, nos cães à procura de bombas, nas emoções à flor da pele das crianças, nos telemóveis dos vizinhos, nas pipocas no chão — ir ao cinema com um filho é muito bom!
A palavra "nacionalismo" engana os portugueses. A culpa não é nossa: como praticamente todos os portugueses concordam que Portugal é uma nação e ninguém quer criar um novo país dentro das nossas fronteiras, achamos que nacionalista só pode ser aquele que dá tanta importância à Nação (sempre com maiú
Nos recentes debates sobre o referendo catalão, tem aparecido nas bocas dos defensores da unidade espanhola esta espantosa frase: «Espanha é a nação mais antiga da Europa!» Normalmente, a frase é dita como ataque ao independentismo catalão, que — na óptica espanhola — está a tentar destruir o país m
Há pouco, li o título dum jornal a passar por mim, a grande velocidade, pelo Facebook: "Turistas apresentam quatro queixas por mês contra taxistas". Quando dei por mim, já tinha perdido a notícia e não consigo saber em que jornal apareceu. (Sim, eu sei que há o Google, mas hoje não me apetece.)
Já escrevi sobre a maneira como as imagens nos enganam. E as palavras? As palavras, às vezes, enganam muito mais. Aqui ficam três truques para chamar a atenção dos outros usando a nossa língua — para o bem e para o mal.
Não é que não haja muita coisa importante para discutir — na verdade, podia começar para aqui a falar da liberdade de expressão, do populismo à portuguesa, dos fogos que deixaram o coração real e político do nosso país a arder...
Há frases simplistas. Há fotografias simplistas. E às vezes há a vontade de deitar abaixo uns quantos adolescentes só porque dá jeito para o nosso argumento simplista de ocasião.