Tradutor e professor. Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa e A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa. Escreve no blogue Certas Palavras.
Não é que não haja quem dê livros pelo Natal. Mas não é uma tradição portuguesa, sei-o bem. É apenas mais uma opção, entre muitas. E é pena. Porque um livro sabe melhor do que chocolates.
Cada doido, sua mania. Oiço falar dos Sentineleses, a tribo isolada que matou um maluc... missionário que lá quis ir — e a primeira coisa que penso é: como será a língua deles?
Ora, hoje, mais do que tentar escrever alguma coisa, apetece-me recomendar as palavras de outros. Não, não são recomendações de Natal. Não ofereça estes livros: quando os comprar, fique com eles e leia-os do princípio ao fim. Depois, compre-os novamente e ofereça-os a quem quiser.
O meu filho mais velho fez seis anos. Houve uma festa. Nessa festa, recebeu prendas. Nessas prendas, havia duas iguais. Posto isto, havia que trocar uma delas. Por essa razão — e só por essa — tivemos de ir a um centro comercial. Aqui fica o relato possível dessa tarde de horror.
Estive esta semana em Nova Iorque. As razões prendem-se com a língua portuguesa, veja lá bem o leitor. Mas isso agora não interessa. O que interessa é o que aconteceu por lá...
As memórias são estranhas. Às vezes, basta o cheiro de um bolo para nos recordar os dias da infância. No meu caso, foi um pouco mais complicado: meteu ingleses à bulha no Algarve — e no fim, ia morrendo. Eu conto.
Às vezes, as viagens mais interessantes acontecem-nos mesmo à porta de casa. Pois imagine o leitor que fui dar um passeio à beira-Tejo e sem sair de Lisboa vi-me transportado para debates furiosos na Nova Iorque dos Anos 90. Tudo por causa duma rainha portuguesa.
Tenho de pedir desculpa ao leitor: a verdade é que andei uns dias de férias, longe de notícias e polémicas, e assim não posso fazer mais do que falar um pouco das palavras que fui reparando nas conversas que tive com o meu filho, enquanto brincávamos e enquanto ele tentava aprender a nadar — e não é
Talvez não seja fácil arranjar conversas para as quentes noites de agosto — mas proponho isto: sente-se com alguém que goste de ler e pergunte-lhe se os escritores do século XIX eram melhores do que os de agora.
Tudo começou com uma tentativa inocente de recordar o vídeo dos bebés da Expo para mostrá-los, pela primeira vez, aos meus filhos. Sim, até o meu filho de sete meses havia de gostar de ver os seus comparsas a nadar… Comparsas que hoje já têm para cima de 20 anos, mas não importa.
Todos nós ouvimos falar desde muito cedo das perguntas difíceis dos miúdos. Vêm-nos logo à cabeça questões sobre sexo, pois então. Talvez, puxando pela cabeça, imaginemos perguntas sobre o dinheiro, a morte, a guerra, mas sempre abstractas, perguntas que os pais desempoeirados que somos todos sabem
Cheguei tarde ao debate, eu sei. Mas não quero deixar de meter a colherada no escândalo do livro que era obrigatório, agora já não é, mas pelos vistos já não era há algum tempo... Ah, e continua a ser preciso ler um livro do Eça, pois então...