Comecemos pelas medalhas. Pela primeira vez, a Equipa Portugal conquistou quatro medalhas numa edição dos Jogos. Uma de ouro, por Pedro Pablo Pichardo, e uma de prata, por Patrícia Mamona, ambas no triplo salto, e duas de bronze, por Fernando Pimenta, na canoagem, e por Jorge Fonseca no judo. Os resultados conseguidos em Tóquio permitiram a Portugal ocupar o 56.º lugar no medalheiro, quadro liderado pelos EUA.

Os quatro pódios superaram os resultados alcançados em Los Angeles1984 e Atenas2004, edições em que os portugueses subiram três vezes ao pódio. Desde 2008, quando Nelson Évora foi campeão olímpico no triplo salto, que "A Portuguesa" não se ouvia nos nos Jogos.

Desta forma, os objetivos do Comité Olímpico de Portugal (COP) para Tóquio2020 foram “plenamente atingidos”, confirmou este domingo o presidente do organismo, José Manuel Constantino. O contrato programa com o Estado que previa que, a troco de 18,5 milhões de euros (ME) para a preparação, fossem atingidas um mínimo de duas posições de pódio. Do mesmo modo, foi fixada (e alcançada) a meta de 12 diplomas olímpicos, que premeiam classificações até à oitava posição.

Portugal soma agora cinco campeões olímpicos e as medalhas conquistadas em Tóquio fazem subir para 28 os 'metais' vencidos em Jogos Olímpicos (cinco de ouro, nove de prata e 14 de bronze).

Composta por 92 atletas em 17 modalidades, a Missão portuguesa sofreu uma baixa ainda antes de os Jogos estarem oficialmente abertos — o surfista Francisco Morais testou positivo à Covid-19 e não chegou a partir para Tóquio. Felizmente, este foi o único caso registado na comitiva.

11 (+4) diplomas olímpicos

O número de medalhas fazem destes Jogos os melhores de sempre para Portugal, é certo. Mas se apontarmos a lupa para os restantes resultados, esta afirmação tem ainda mais força.

Em Tóquio, a Equipa Portugal conseguiu 11 diplomas olímpicos (15 ao somar os medalhados), dois deles em modalidades que entraram pela primeira vez nesta edição no calendário olímpico.

O ‘skateboarder’ Gustavo Ribeiro terminou no 8.º lugar a final da prova de rua, a surfista Yolanda Sequeira chegou aos quartos de final e alcançou um 5.º lugar, e a ciclista Maria Martins, que levou Portugal pela primeira vez às provas de ciclismo de pista, concluiu a estreia no 7.º lugar.

Na canoagem, Teresa Portela fechou em 7.º lugar a prova de K1 500 metros e Emanuel Silva, João Ribeiro, Messias Baptista e David Varela terminaram em 8.º lugar a prova  K4 500 metros.

Também os velejadores Jorge Lima e José Costa saíram diplomados de Tóquio2020, com um 7.º lugar na classe 49er, assim como a seleção portuguesa de ensino em equestre, constituída por Rodrigo Torres, Maria Caetano e João Miguel Torrão, que terminou em 8.º lugar.

No atletismo, três atletas ficaram à porta das medalhas. Auriol Dongmo terminou em 4.º lugar no lançamento do peso, Liliana Cá e João Vieira terminaram em 5.º lugar no lançamento do disco e nos 50 quilómetros marcha, respetivamente.

A judoca Catarina Costa foi a primeira atleta portuguesa a competir em Tóquio, abrindo as esperanças olímpicas com um 5.º lugar.

No total, Portugal somou 35 classificações acima do 16.º lugar. Sendo que no top10 ficaram no torneio por equipas de ténis de mesa Tiago Apolónia, João Monteiro e Marcos Freitas, que conseguiu a mesma posição na competição individual, a surfista Teresa Bonvalot, as judocas Telma Monteiro, Bárbara Timo, Patrícia Sampaio e Rochele Nunes e a seleção portuguesa de andebol, ao terminarem as respetivas competições nos nonos lugares.

Destaque ainda para o 10.º lugar da canoísta Teresa Portela, em K1 200 metros, e da cavaleira Luciana Diniz, nos saltos de obstáculos.

Resultados históricos e recordes

A nadadora Ana Catarina Monteiro conseguiu a primeira semifinal feminina de sempre nos 200 mariposa, prova que terminou em 11.º lugar. Um resultado histórico para a natação portuguesa, que consegue com esta marca da nadadora vila-condense, de 27 anos, o melhor resultado nos Jogos.

O 4.º lugar de Auriol Dongmo (lançamento do peso), e os 5.ºs de Liliana Cá (lançamento do disco) e de João Vieira (50km marcha) são também eles históricos, sendo os melhores alcançados por atletas portugueses nas respetivas modalidades em mais de cem anos de participações olímpicas.

Em Tóquio foram batidos três recordes nacionais (a valer medalha) e cinco pessoais, de acordo com o Comité Olímpico Português (COP).

Patrícia Mamona saltou para a medalha de prata ao bater por duas vezes o recorde nacional no triplo salto. Com um ensaio de 14,91 metros, a atleta portuguesa começou da melhor forma a final, aumentando 25 cm ao anterior recorde nacional de 14,66 metros. Ao quarto salto, atingiu os 15,01 metros e voltou a bater o recorde português.

Na mesma disciplina do atletismo, Pedro Pablo Pichardo voou para o ouro ao bateu o recorde nacional que já lhe pertencia. Depois de ter saltado 17,61 metros nos primeiros dois ensaios, o atleta português nascido em Cuba conseguiu a marca de 17,98 metros ao terceiro, batendo o recorde nacional por três centímetros.

Nos recordes pessoais, na sua estreia em Jogos Olímpicos, o nadador português José Paulo Lopes, 20.º classificado nos 400 metros estilos, nadou a distância em 4m16,52s. Já o cavaleiro Rodrigo Torres terminou no 16.º lugar o Grand Prix Freestyle de ensino com um novo recorde pessoal: uma pontuação de 78,943%.

Outros bons resultados

Antoine Launay (11.º) falhou por pouco a final de K1 slalom. Por menos de meio segundo, 43 centésimos mais precisamente, o canoísta não esteve na luta pelas medalhas. No remo, a dupla portuguesa Pedro Fraga e Afonso Costa não conseguiu acesso à final A em double scull ligeiro, mas acabou por ir parar à final C, que ganhou, fechando a sua participação olímpica com um 13.º lugar.

Jorge Lima e José Costa (49er) destacaram-se na vela. A dupla chegou a ganhar uma regata e a qualificar-se para a "medal race" (onde foram desqualificados por falsa partida, terminando em 7.º). Costa e Lima melhoraram a prestação em relação ao Rio2016, em que foram 16.º classificados, e Jorge Lima melhorou mesmo em relação a Pequim2008, quando foi 11.º ao lado de Francisco Andrade.

Na ginástica artística, Filipa Martins conseguiu o melhor resultado português nos Jogos, com um 17.º lugar nas paralelas assimétricas. A atleta do Acro Clube da Maia somou 14.300 pontos naquela disciplina, executando o movimento criado por si, o “Martins”, mas não conseguiu ficar entre as oito melhores que vão marcar presença na final.

No atletismo, há que salientar a prestação de Lorene BazoloCátia Azevedo, que chegaram, respetivamente, às meias-finais dos 200m e 400m. Já Marta Pen Freitas não conseguiu um lugar na final de 1.500m, mas concluiu a sua semifinal com a marca de 4:04.15 minutos, o seu melhor registo desta temporada.

Seguem-se os Jogos Paralímpicos Tóquio2020, de 24 de agosto a 5 de setembro, onde Portugal estará representado por 33 atletas.