Os meus pulmões frágeis, e a minha displicência com a roupa de Inverno, têm-me levado demasiadas vezes às urgências hospitalares. Conheço bem os guichets de atendimento, as salas de espera e o que se lhes segue. A triagem de Manchester não soa a The Smiths, nem a New Order, nem a Stone Roses, nem a
António Costa, primeiro-ministro e sapador florestal em formação, deu o exemplo. A um sábado, claro está, porque nós lisboetas só conhecemos o campo de fim-de-semana. Aqui fica um pequeno guia de como limpar (nem que seja telepaticamente) uma mata, para aquele que tem o privilégio de viver na bolha
Os últimos anos foram de endurecimento para os direitos humanos. Atacados em toda a linha por quem os devia proteger. O ódio tem sido promovido pelos Estados, os mesmos que há 70 anos subscreveram e proclamaram um tratado de paz, inclusão e acolhimento: a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Há esperança nas novas gerações dos EUA: aquelas centenas de milhar de jovens que saíram à rua no sábado a reclamar “um mundo sem pistolas” e a defender o boicote aos políticos que são patrocinados pelo lóbi NRA do negócio de armas, mostraram coragem e determinação que promete vigor para começar a f
Nos nossos aborrecidos países onde todos se vacinam a não ser que não queiram, a história interessante é a história das excepções: de quem não vacina ou daqueles poucos casos em que as coisas correm mal. As vacinas são responsáveis por milhões de histórias invisíveis de crianças que sobreviveram.
A Queima das Fitas de Coimbra tem várias tradições muito bonitas. Encher a cara de álcool até vomitar o fígado é uma delas, bem como esfregar a genitália em genitália alheia (tudo consentido, calma) sob a protecção das capas negras que os estudantes teimam em achar que os tornam invisíveis só porque
Bob Dylan não é um "animal" de palco, essa expressão tão cara do showbiz, não é um entertainer, não está ali para ser nosso amigo e sair em ombros. "Why try to change me now", cantou ele num dos momentos mais bonitos e essa é mesmo a pergunta certa para os órfãos da noite de ontem.
No dia em que o conheci disse-lhe que me lembrava o Coppola. A resposta dele foi: o Coppola não, o Orson Welles. E isto era só um dos muitos diálogos desconcertantes que se podiam ouvir naquele 9.º andar atulhado de gente sobre a praça Tahrir, em plena revolução. Pierre Sioufi fez com que aquele mo
Lembra-se daquele filme no qual Dustin Hoffman fabricava uma guerra porque o negócio da guerra é apetecível e porque politicamente era interessante para certas pessoas? Não tem importância se não se recorda, o que importa realmente é que a ficção foi largamente ultrapassada pela realidade, facto ine
“O que saltou mais à vista foi a capacidade dele em cobrir espaços no momento da transição defensiva, a cortar linhas de passe e a fazer desarmes. Foi definitivamente o melhor em campo”, disse ninguém, em nenhum momento. Há um tipo de jogador que não enche os olhos à maior parte dos adeptos. Como um
“21 de Março” ou “quarta-feira” podem ser as respostas mais imediatas para a pergunta “Que dia é hoje?”. “Dia da árvore”, responderão alguns. “Dia Mundial da Poesia”, responderão outros. “48h após o Dia do Pai”, responderão os preguiçosos cronológicos. Sendo eu um fã de árvores, de poesia e (porque
Pode ser embirração minha, mas considero que qualquer pessoa que se queixe de estar a ser vítima de uma cabala, à partida, pela mera utilização do vocábulo, parece-me pouco provável que esteja inocente. Será uma palavra que se ensina logo nas camadas mais jovens das jotinhas como o melhor recurso pa
Andréi Nekrasov, cineasta de São Petersburgo, escreveu no Financial Times que “os russos sentem a identidade nacional com ainda mais fervor quando são pressionados de fora”. A trajetória hostil do relacionamento dos países ocidentais com a Rússia deve ter ajudado Putin a reforçar a sua votação e ati
Às vezes, pomo-nos a conversar e vamos desde o início do universo até à língua dos esquimós — o problema é quando a criança tira da cartola uma pergunta bem mais difícil de responder do que «Qual é o sentido do mundo?».
A morte é estranha, é sabido. Mesmo que se morra em paz, essa parvoíce de se estar morto para sempre deve ser uma seca de proporções grotescas. E é isso que mais me chateia no facto de morrer.
Entrar com um filho pelas portas de um hospital é franquear um espaço que é sempre de angústia. Retiramos aqueles que nos estão mais próximo (por quem a expressão “amor incondicional” foi, ou pode ter sido, inventada) aos corredores da escola, ao sossego de um berço ou ao desafio de uma adolescência
Há uma curiosa coincidência no facto de Stephen Hawking ter nascido no mesmo dia da morte de Galileo Galilei (8 de Janeiro, exactamente 300 anos depois), e ter morrido no mesmo dia do nascimento de Albert Einstein (14 de Março, 139 anos depois). Os três transformaram a nossa visão do universo, e têm
O Universo ficou mais pobre com a morte de Stephen Hawking (1942-2018), por se ter apagado um dos cérebros que melhor o pensava. Tanto quanto sabemos, o cérebro humano é, de entre toda a matéria do vasto Universo, a única porção que o consegue compreender. Não é fácil, mas é possível compreender o U
Há quase uma década que não rimos com Solnado. Telmo Ramalho aprendeu muito com Raul Solnado e sempre quis fazer a sua homenagem, dizer os seus textos mais acarinhados e reconhecidos pelo público. E é isso que acontece no palco do Auditório dos Oceanos em Lisboa até ao fim deste mês.